Na última sexta-feira (01) o recesso legislativo se encerrou e com isso os Deputados Estaduais do Rio de Janeiro tomaram posse. Algumas caras novas e outras reeleitas. Os parlamentares se reuniram uma vez, que foi no último sábado (2), para decidirem a nova mesa diretora. Entretanto, nesta segunda-feira (4), o Diário Oficial divulga novidades dos políticos neste inicio de trabalho.
Foram publicados os requerimentos para abertura de cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). As CPIs só podem ser registradas com o apoio de 1/3 da Casa, ou 23 parlamentares. Entre as CPIs, está a possível investigação sobre óbitos de bebês no Hospital da Mulher em Cabo Frio.
A Deputada Renata Souza (PSOL) diz ter conseguido recolher as assinaturas necessárias para abrir a Comissão. Renata, além de ter trabalhado no gabinete de Marcelo Freixo (PSOL) durante dez anos, também chefiou o gabinete da vereadora Marielle Franco (PSOL). Militante dos direitos humanos e moradora da Maré.
Entenda
No último mês de janeiro, a morte de dois bebês no Hospital da Mulher fez a unidade de saúde a receber fortes críticas. uma das mães, Gilmara Rocha, fala sobre o atendimento oferecido à ela e ao bebê durante passagem pela unidade. Segundo o relato, Gilmara teria chegado ao Hospital com muitas dores, no dia 15 de janeiro, e teria recebido medicação intravenosa, que se estendeu até o dia seguinte, quando uma médica teria constatado que o feto estava com os batimentos cardíacos normais, suspendendo a medicação. No dia 17, uma nova ausculta não acusou batimentos, e só então a médica teria realizado ultrassom, constatando a morte do feto.
Em dezembro de 2018, uma moradora de Cabo Frio foi até o gabinete do vereador Rafael Peçanha (PDT) para fazer uma denúncia sobre as condições do Hospital da Mulher, que fica no bairro Braga, em Cabo Frio. Thyanne Teles foi acompanhante de uma gestante que deu entrada no hospital com febre e segundo a Thyanne, não foram pedidos exames com urgência, e os resultados chegaram 24 horas depois.
Neste período houve um sangramento, onde, ainda de acordo com a acompanhante, a grávida avisou aos médicos, que disseram ser apenas estresse. A gestante estava com 15 semanas e 24 horas depois foi confirmado que ela havia sofrido um aborto.
De acordo com a Thyanne, no café da manhã foi entregue uma garrafa pet com o feto dentro. “O chão e lençóis sujos. Macas enferrujadas. Feto entregue morto, numa garrafa pet, junto com o café da manhã. Descaso. Esse é o cenário de abandono do Hospital que deveria estar gerando e salvando vidas”, disse.
Auditoria interna apura mortes no Hospital da Mulher
A Secretaria de Saúde abriu uma auditoria interna para apurar as causas de mortes recentes de nascituros no Hospital Municipal da Mulher. Um grupo formado por médico, enfermeiro e auditor do setor de controle e avaliação da pasta vai analisar todos os 1069 prontuários de atendimentos do Hospital da Mulher feitos desde 1 de janeiro. Será levado em conta todo o atendimento prestado à paciente na unidade, desde a recepção até o momento em que ela vai para casa. Em seguida, será feito um relatório que será avaliado internamente para nortear as medidas que serão tomadas em todo o acompanhamento gestacional e no atendimento no Hospital. O prazo para a conclusão da auditoria é de 30 dias.
“Vamos apurar com afinco o que pode ter causado a morte destes bebês. Toda vez que há a morte de um nascituro, a unidade hospitalar comunica à Vigilância Sanitária Municipal, que por sua vez comunica ao Estado por meio de notificação compulsória. Isso é essencial para nortear e desenvolver as políticas públicas” esclareceu o prefeito Dr. Adriano Moreno.
O Hospital Municipal da Mulher é a única emergência obstétrica e maternidade pública da cidade, funciona 24 horas por dia e, de acordo com a Secretaria de Saúde, atende demandas de toda a região, com equipe médica completa, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais e psicólogos de plantão, além de uma unidade intensiva especializada para bebês prematuros com neonatologista.