O prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, comentou as críticas da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em reação as declarações do petista ao afirmar que não há provas contra Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão. Ambos são acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. As declarações de Quaquá, feitas ao lado de familiares dos Brazão, geraram reação imediata da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que anunciou medidas contra o dirigente dentro do partido.

As informações sobre o caso foram publicadas em reportagem assinada pelos jornalistas Fernanda Alves e Caio Sartori no O Globo. Segundo a matéria, Quaquá afirmou que leu todo o processo e concluiu que não existem provas contra os irmãos. “Tem gente na esquerda que nunca leu o processo e acusa as pessoas de culpadas. Isso é contra minha ética e meus princípios socialistas”, afirmou o prefeito ao jornal.

Anielle Franco anuncia medidas internas no PT

Em resposta, Anielle Franco anunciou que levará o caso à Comissão de Ética do PT. Em suas redes sociais, a ministra afirmou que buscará responsabilização interna para o prefeito. “Vou protocolar nas instâncias do partido um pedido na Comissão de Ética contra o dirigente que utiliza esse caso de maneira repugnante”, escreveu.

Anielle também declarou ser inaceitável que o nome de sua irmã seja usado de forma leviana. “É inacreditável ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome de minha irmã sem qualquer responsabilidade”, destacou a ministra.

Posição do partido

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reforçou que as declarações de Quaquá não representam o partido. “O PT repudia as manifestações de caráter exclusivamente pessoal do prefeito Washington Quaquá sobre os réus e o processo”, afirmou Gleisi. Ela ressaltou que o PT segue empenhado em garantir justiça para Marielle e Anderson, vítimas do crime.

A matéria do O Globo também destacou que esta não é a primeira vez que Quaquá causa desconforto interno no partido. Em outra ocasião, o prefeito publicou uma foto ao lado do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde no governo Bolsonaro.

Defesa de Quaquá

Em suas redes sociais, Quaquá reiterou que suas declarações são baseadas na leitura do processo e na defesa de princípios de justiça. “Eu não vou trocar a verdade por medo de prejuízos de imagem. Deus, o cristianismo e o marxismo me ensinaram que só a verdade liberta”, declarou o prefeito. Ele também acusou as investigações de usarem os Brazão como “bucha de canhão” e de deixarem de lado aspectos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.

O caso Marielle Franco segue como uma das principais pautas políticas e judiciais no Brasil, mobilizando debates sobre ética, justiça e responsabilidade política.