Proposta ainda precisa ser aprovada pela Câmara. Conselho foi proposto após um encontro que discutiu ocorrências de intolerância na cidade
A luta pelo respeito aos diferentes segmentos religiosos ganhará mais força em Cabo Frio. Pela primeira vez na história, a cidade terá um Conselho Municipal de Combate à Intolerância Religiosa.
O prefeito da cidade, José Bonifácio, se reuniu com líderes e representantes de religiões de matriz africana para discutir as ocorrências de intolerância religiosa, relatadas nos depoimentos de cada liderança. Após as falas, Bonifácio sugeriu a criação do Conselho, medida que foi aprovada por todos os representantes de terreiros de umbanda e candomblé.
“Receber os representantes de religiões de matriz africana reforça nosso compromisso com a luta pelo fim do racismo, da intolerância e do preconceito em todas as suas formas. É fundamental estarmos atentos, ouvir para que não passemos como omissos ou indiferentes frente a situações como essas. A criação desse Conselho se torna uma ferramenta a mais para esses líderes religiosos. Em um mês vamos enviar à Câmara Municipal a Lei que regulamenta e oficialmente cria essa importante ferramenta, para que possamos dar posse aos conselheiros”, explica o prefeito.
Também estiveram presentes no encontro a secretária adjunta de Direitos Humanos, Heliamar Reis, a ekedji Maria Inês Rangel de Oliveira Mafra, do Ilê Asé Omu Odé Igbo; Kátia Carvalho Gonçalves, da Tenda Espírita Caboclo Nazareth; Marcelo Freire Barboza, do Ilê Omi Asé Ayrá Obijinayé; José Pinheiro da Silva, Babalorixá da Tenda Rocinha de Nanã; Eduardo Gomes Mesquita, da Tenda Espírita Ogum Rompe Mato, a Yalorixá Ana Maria Silva Moreira, do Muzanzo Kayango e Jorge Henrique Nascimento, secretário nacional do PDT/Axé.
Para o Babalorixá Marcelo de Logun Edé, o encontro na sede do poder executivo é um marco histórico para a luta e o combate à intolerância religiosa em Cabo Frio.
“O povo de axé de Cabo Frio nunca teve essa oportunidade de receber um convite do poder público, de estarmos dentro do gabinete mostrando propostas e ouvindo também o que o governo tem para nós. Nossos antepassados apanhavam, eram açoitados, e hoje somos centros de cultura. Precisamos ser olhados como povo que traz uma cultura ancestral. Nunca um governo parou para nos escutar e ouvir a nossa história. Agradeço em nome do meu Ilê Asé e de todos os irmãos de fé”, destacou.
A proposta do Conselho precisa ser aprovada pela Câmara Municipal.