Grupo social “Quarentena Búzios” recebe média de oito pedidos de cestas básicas por dia, o que indica que a população passa por problemas de fome e dificuldades financeiras
Após um ano dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, muitas famílias tem enfrentado dificuldades financeiras por conta de desemprego e diminuição na demanda do trabalho, uma vez que a emergência sanitária atingiu diversos setores da sociedade. Na cidade de Búzios, um caso é alarmante: A fome de famílias locais.
O grupo “Quarentena Búzios” foi criado em março de 2020 para suprir demandas de necessidades da comunidade durante o período da pandemia, e desde então tem feito ações como entrega de cestas básicas. De acordo com dados atuais passados pela organização do movimento, nas últimas semanas, o grupo tem recebido uma média de oito pedidos de cestas por dia, o que indica que a população local passa por problemas de fome e dificuldades financeiras.
O organizador do “Quarentena Búzios”, Alexandre Verdade, contou à Prensa que além das cestas, o movimento recebe também pedidos de emprego, e relata outras dificuldades.
“De março em diante, uma vez que as novas medidas foram impostas, pessoas que praticamente trabalham de dia pra comer a noite sempre são as mais afetadas, não apenas trabalhadores autônomos, mas também diaristas, trabalhadores informais em geral. Alguns casos, quando necessita de um auxílio maior, a gente caminha para o CRAS, mas o retorno ainda ineficiente”, comenta Alexandre.
Nas redes sociais, membros da sociedade civil também expõe relatos das dificuldades de ter comida em casa, por conta da falta de trabalho e assistência social.
A Prensa questionou a Secretária de Desenvolvimento Social, Joice Costa, sobre as ações de assistência social na cidade e aguarda respostas.
Auxílio alimentação dos estudantes
As famílias que possuem crianças e adolescentes que fazem parte do sistema municipal de ensino são assistidas pelo auxílio alimentação, que garante a segurança alimentar dos alunos durante a pandemia, período em que as aulas presenciais foram suspensas. O valor atual das parcelas é de R$200 por aluno.
Apesar da medida, com o início do ano letivo de 2021, o governo municipal já anunciou que a pretensão é de que o retorno escolar inicie de forma remota e no futuro trabalhe com sistema híbrido (50% on-line, 50% presencial). Em uma reunião convocada pelo coletivo de pais e responsáveis “Por Nossos Filhos”, os membros questionaram o prefeito da cidade, Alexandre Martins, sobre a continuidade do benefício. Em resposta, o prefeito comunicou que o governo municipal tem tido gastos elevados com o auxílio, e que irá estudar a possibilidade de mantê-lo por um valor menor, cerca de R$50,00.
Auxílio emergencial para trabalhadores autônomos
Na última semana, a Câmara Municipal enviou um requerimento ao Executivo, sobre a criação de um Projeto de Lei que institua o pagamento do benefício para profissionais autônomos que exerçam suas atividades na cidade.
O documento é de autoria do vereador Raphael Braga, com o apoio do vereador Gugu de Nair, e tem o objetivo de minimizar os impactos de perda ou redução dos serviços durante a pandemia da Covid-19. O projeto visa alcançar apenas trabalhadores locais da cidade.
O documento ainda aguarda a aprovação do Executivo.
Brasil
Uma relatório feito por pesquisadores do grupo “Alimento para Justiça”, da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB) foi divulgada nesta terça-feira (13). Os dados têm base no período de novembro e dezembro de 2020 e mostram que 15% das 2 mil pessoas avaliadas estavam em insegurança alimentar grave, e 12,7% em insegurança alimentar moderada, o que significa que corriam o risco de deixar de comer por falta de dinheiro. Em relação à população brasileira como um todo, isso equivaleria a 58 milhões de pessoas.
Outros 31,7% estavam em insegurança leve, quando há preocupação de que a comida acabe antes de se ter dinheiro para comprar mais ou faltam recursos para manter uma alimentação saudável e variada.