O Pier do centro de Búzios, neste sábado (10), foi interditado mais uma vez e, de acordo com laudo realizado a pedido do Ministério Púbico e do morador José Wilson Barbosa, desta vez parece que ficará assim definitivamente até que se realize uma verdadeira obra de reestruturação do local. Fotos mostram que estrutura corre risco de desabar e peritos do setor opinam que só reforma não resolverá o problema. A União também fez diversas exigências para que fosse permitido a continuação do uso da estrutura e a Prefeitura de Búzios perdeu o prazo.
O local é ponto de partida dos passeios de escunas, saída de barcos de operadoras de mergulho, porto de aluguel de traineiras e ainda recebe milhares de turistas que desembarcam dos navios de cruzeiros através de pequenas embarcações, os chamados ´tenders´.
A vistoria, realizada pelo engenheiro civil João Claudio e o biólogo Sergio Roberto, aconteceu nos dias 1 e 2 de fevereiro através de inspeção visual no local e de fotografias tiradas por mergulhador. O píer, que foi construído em concreto armado com lajes maciças apoiadas em vigas (algumas também de concreto e outras de metal revestido de PVC), apresenta corrosão das armaduras, destacamento do concreto, perda de massa, sessão de vigas sem armadura e com rachaduras. Ainda foi constatado pilar de sustentação da plataforma de embarque e desembarque sem a parte inferior, a fundação (a viga não encosta mais não chão, está solta).
Ainda de acordo com o laudo, fica evidente a necessidade urgente e real da recuperação estrutural do píer por representar risco a segurança dos usuários.
Cais do centro que está sem manutenção há 20 anos, pode cair de repente, sem dar aviso. As estruturas estão prestes a desmoronar. ANTAQ, MARINHA DO BRASIL, MTURe MPF tem tudo na mão para interditar e DEMOLIR o Cais do Centro, pois reforma não resolverá.– Opinião do projetista de estruturas náuticas no waterfront brasileiro e Presidente do Instituto de Marinas do Brasil-CLAUDIO BRASIL DO AMARAL
Conversamos com o Sr. José Wilson Barbosa, que também é autor de diferentes processos contra a Prefeitura de Búzios sobre a situação do píer, e é empresário, sobre o que o motivou a encomendar essa vistoria.
“Fui durante um ano e meio coordenador de turismo náutico do município e constatei neste período, graça as pessoas que trabalhavam comigo e outros profissionais, o risco que todos corriam com a situação real deste pier. E eu comecei a querer resolver isso, sem sucesso. A Prefeitura sabe dos riscos, todos sabem. Mas ninguém quer fazer nada. E eu entendo que todos querem trabalhar, muitas pessoas vivem de atividades que dependem deste píer. Mas ele corre risco de cair. Não há como esconder mais . E se ele cair e morrer gente vai ser ainda pior pra cidade. Aí sim haverá uma quebradeira no receptivo náutico de Búzios.”, explica seu ponto de vista.
Em entrevista a InterTV, afiliada da Rede Globo, ano passado, o secretario de turismo, Cezar Fernandes, afirmou ao repórter que as razões que levaram as diversas interdições do píer de Búzios eram documentais e não estruturais.
José Wilson afirma que não. Que a Prefeitura teve acesso a outros laudos que já mostravam que o problema é também estrutural.
Em Agosto de 2017 o secretário de patrimônio da União, Sidrack de Oliveira Correia Neto, negou o requerimento emitido pelo prefeito André Granado no dia 12 de julho de 2017, em que pedia que reconsiderasse a interdição do pier do centro de Búzios realizado no dia 7 do mesmo mês. No entanto, a Prefeitura conseguiu liminar que permitiu a reabertura do pier até esta nova interdição.
Entre diversos pontos de risco apontados pelo laudo elencamos alguns.
- Dimensões e instalações precárias
- Lotação Insegura sem controle e apoio de embarque
- Cais estreito e sem sinalização de segurança
- Precárias condições do ancoradouro