Desde as denúncias feitas pelas redes sociais por Kéren-Hapuk ao Maestro Budega, outros relatos têm surgido. Nesta quarta-feira (6) mais uma ocorrência foi aberta na Delegacia da Mulher de Cabo Frio (DEAM), dessa vez a vítima contou que foi abusada pela primeira vez na residência do Budega, quando tinha 12 anos. Ela também fazia parte do projeto onde o acuso era coordenador. Atualmente denunciante está com 23 anos.
A menina, que não quis se identificar, diz que a Kéren a encorajou a fazer a denúncia. “Eu não fazia ideia de que isso já vinha acontecendo com outras meninas. Através da denúncia da Kéren, criei coragem para denunciá-lo. Muita coisa é parecida. Levar nós duas para a casa dele, para um local deserto e querer ensinar a dirigir”, conta.
Como acontece muitas das vezes, a jovem tem medo da reação das pessoas. “As pessoas acham que a gente tá querendo aparecer, que a gente inventa”, falou. “Me interessei pelo projeto e fui me inscrever. No final da primeira aula, ele conversou comigo, queria saber onde eu morava e coisas pessoais. Já na segunda aula, ele veio com segundas intenções. Me convidou para aula particular na casa dele”, relatou.
Como ocorreu com a menor de 2010, ela diz que o abuso aconteceu nas primeiras aulas com o músico. Ele a buscou em casa. “Chegando na casa dele, já achei estranho, porque só tinha nós dois. Fiquei muito apreensiva. Uns 15 minutos depois, chegaram outras meninas. Depois da aula, ele dispensou as outras alunas e me pediu pra deitar na cama. Disse que estava com dor de cabeça, apagou a luz e deitou do meu lado. Ele começou a passar a mão no meu pescoço e foi descendo até chegar nas minhas partes intimas. Eu fiquei com muito medo e pedi pra ele me levar pra casa”, relata a vítima.
O Prensa entrou em contato com o Budega e seus advogados para ouvir a sua versão dos fatos. Em resposta, os seus representantes alegaram que “tenta-se promover um linchamento público do Maestro Budega, sem qualquer prova da alegada violência sexual que supostamente tenta-se atribuir à ele”. Completou dizendo que entrarão com recurso, caso necessário.
Entenda
Em janeiro deste ano, o Charitas de Cabo Frio receberia um evento do Angelo Budega, maestro que comandou por anos um projeto de música na cidade. O evento, porém, nunca aconteceu. A Secretaria de Cultura, em comunicado oficial, alegou avaria no local por conta da forte chuva que afetou o município dias antes. Algumas pessoas, no entanto, acreditam que o “O Brasileirinho” não deveria sequer ser considerado. Isso porque, em 2010, Budega foi acusado de abusar sexualmente de uma menina de 10 anos de idade, de acordo com o inquérito policial 812/11 e R.O. 07098/2010.
Ao Prensa de Babel, uma pessoa com conhecimento sobre o caso, que pediu para não ser identificada, relatou o ocorrido, como fez anteriormente. Segundo a denúncia, Budega foi até a casa onde a menina morava com a mãe para levá-la para aprender uma música nova e os dois desapareceram por três horas. Quando voltaram, a avó da criança notou que ela desceu do carro transtornada, trêmula e com as mãos cruzadas sobre o peito. A tia também estava presente e, percebendo o estado, perguntou o que tinha acontecido. A menina, então, relatou o abuso, que afirmou ter acontecido onde hoje fica o Shopping Park Lagos, nas Palmeiras. Na época, o local era uma área isolada.
Em uma postagem denunciando os casos de pedofilia envolvendo Budega numa rede social, outra jovem deixou um comentário afirmando também ter sido abusada pelo maestro quando era criança. A reportagem do Prensa entrou em contato com Kéren -Hapuk Andrav e recebeu seu relato.
Kéren conta que conheceu Budega aos 9 anos, quando o músico foi à escola onde ela estudava convidar os alunos a participar do projeto social Apanhei-te Cavaquinho. Apaixonada por música, a jovem passou a frequentar as aulas de cavaquinho em outra escola e, depois, na casa de Budega, quando passou para o núcleo avançado e começou a cantar e ensaiar para apresentações públicas. Os ensaios, ela conta, aconteciam duas vezes por semana; ela era a única menina do grupo e afirma ter sofrido coação e agressões físicas por parte dos meninos da turma.