Dando sequência a série de entrevistas com representantes do setor progressista em Macaé, a Prensa conversou com Igor Sardinha.
Igor tem 38 anos, advogado, pós graduado em gestão Pública, atuou como vereador de Macaé nas legislaturas de 2009-2012 e 2013-2016. Candidato a prefeito de Macaé nas últimas eleições. Atualmente secretário de desenvolvimento de Maricá e membro do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro.
Prensa de Babel: Tem algo a comentar sobre a convocação do campo progressista pelo vereador do PT, Marcel Silvano, durante uma sessão na Câmara de Vereadores de Macaé?
Igor Sardinha: Não se consegue construir alianças políticas dialogando somente com o espelho ou esperando encontrar a sua inexistente alma gêmea. Isso não existe. Tenho várias restrições e diferenças em relação a Danilo (Funke), por exemplo, mas encaro tais questões com naturalidade e potencializo tudo aquilo que nos une. Divergências e restrições também permeiam a relação entre PT e PSOL. Entretanto, temos afinidades ideológicas que nos permitem a tentativa de construção de uma aliança de perfil de esquerda em Macaé. Acredito nisso, trabalho por ela. Para além da retórica, estamos intensificando e buscando os contatos com todos os partidos políticos e movimentos desse campo imbuídos desse espírito.
Prensa: A divisão sobre quem é o presidente legítimo do PT Macaé é também uma divisão de pensamento e atuação sobre o que o partido quer para 2020 em diante?
Igor: O PT de Macaé tem um presidente, devidamente empossado em ato que contou com representante da executiva estadual do partido, que é o companheiro Magnun Amado. A posse inclusive só ocorreu após pronunciamento definitivo e oficial da Executiva Nacional. Fora isso existe somente uma falsa polêmica alimentada pela ala minoritária do partido. O partido tem que virar a página do PED e unido trabalhar pela organização do PT para as eleições do ano que vem.
Prensa: É pré-candidato a prefeito ou pretende tentar voltar pra Câmara?
Igor: Considero que já encerrei um ciclo na Câmara de Vereadores nos anos que lá estive. Como candidato a prefeito que fui nas últimas eleições é mais do que natural que meu nome seja ventilado para concorrer novamente. Não fujo dessa realidade. Mas são através dos debates que estamos fazendo no PT e também com os possíveis aliados que teremos respostas definitivas.
Prensa: Tem apoio também dos movimentos sociais e sindicatos?
Igor: Se ainda não existe candidatura não se pode falar em apoio. O que existe são muitas conversas sobre uma construção coletiva em torno de um programa.
Prensa: Concorda com Danilo Funke, que Marilena e Guto Garcia (mãe e filho, hoje ligado aos governo do prefeito de Macaé Aluízio-PSDB) não fazem parte do campo progressista e que não há aliança que os inclua?
Igor: Marilena é um quadro histórico do PT. Tenho por ela carinho, respeito e consideração. Em toda a sua trajetória sempre presente nas trincheiras da luta contra a opressão. Dialogar com ela sempre será um prazer. Óbvio que os caminhos políticos trilhados por Guto causam impacto e dificuldades para Marilena na participação desse campo progressista. Mas nunca me furtarei de ter um bom papo com Marilena.
Prensa: Quais os maiores problemas de Macaé hoje? Quais as soluções?
Igor: A desigualdade social e ausência de diversificação econômica que faça com que a cidade não fique totalmente dependente do petróleo. Foram duas áreas quase nada trabalhadas ao longo das décadas. A prefeitura com a pujança de sua receita pode construir inúmeros programas capazes de tornar essa cidade mais justa e desenvolvida. E são essas ações que discutiremos internamente no PT e com os aliados para que se tornem eixos centrais de um plano a ser apresentado a população.
Prensa: Você por um tempo esteve em um partido ligado à Igreja Universal, o PRB, que é um setor conservador e opositor a alguns avanços sociais em especial a grupos minoritários como o LGBT, por exemplo . Como se avalia e acha que será avaliado pelo setor progressista?
Igor: Fui para um partido que era aliado de primeira hora do PT indicando o vice do Lula nas duas oportunidades, inclusive. Mesmo nesse partido, que infelizmente depois aderiu ao golpe, construí aliança que possibilitou que o PT continuasse a ter representação na Câmara de Vereadores, com a eleição de Marcel. A aliança com o PT, inclusive, mostra que minha candidatura por lá nunca foi no intuito de camuflar minha ideologia de esquerda. Tive que de coração partido momentaneamente sair do partido pois a aliança do PT no plano nacional com o PMDB de Aluízio, de quem sempre fui oposição, poderia representar até mesmo minha não participação no pleito. Em nenhuma articulação que estamos fazendo para as eleições de 2020 esse caso aparece como pauta. As pessoas têm clareza do que houve.