A poluição da Laguna de Araruama voltou ao centro do debate ambiental na Região dos Lagos com o lançamento, nesta quinta-feira (5), do documentário produzido pelo ambientalista Ernesto Galiotto. Aproveitando a maré extremamente baixa registrada em 13 de abril, Galiotto sobrevoou a região a bordo do seu monomotor — apelidado de “Mico-Leão Voador” — e registrou imagens inéditas da degradação ambiental do maior corpo lagunar hipersalino em estado permanente do mundo.
Ambientalista Ernesto Galiotto/ foto: redes sociais
O lançamento da produção audiovisual coincide com o Dia Mundial do Meio Ambiente e revela, com detalhes, a presença de esgoto in natura em diversos pontos da Laguna, além de mostrar o impacto nas praias oceânicas de Cabo Frio, como a Praia do Forte. As imagens evidenciam que a poluição da laguna, interligada ao mar pelo Canal Itajuru, afeta também o entorno das praias urbanas e áreas costeiras, como Ogiva, Peró e Cajueiro.
“Nestes 30 anos de sobrevoos, nunca vi a maré tão baixa como naquele dia. Isso nos permitiu registrar, de forma clara e chocante, o esgoto sendo despejado diretamente na laguna. A agressão ambiental continua. Queremos saber onde foram parar os recursos investidos na despoluição da laguna”, afirmou Galiotto. Atuando há mais de três décadas na documentação de crimes ambientais na Costa do Sol, Galiotto contabiliza 45 sobrevoos em toda a região, sem incluir os voos específicos em Cabo Frio e Búzios. Ele adianta que um segundo documentário está em produção, com imagens comparativas da lagoa feitas há 30 anos e nos dias atuais.
O ambientalista Ernesto Galiotto ressalta que a situação geral é crítica / foto divulgação
Apesar de reconhecer melhorias pontuais, como a oxigenação da água em alguns trechos, o ambientalista ressalta que a situação geral ainda é crítica. Segundo ele, os novos empreendimentos imobiliários na orla também contribuem para a poluição do mar, intensificando o impacto ambiental na divisa com Saquarema. ”O esgoto não chega às praias do Peró e das Conchas, mas conseguimos observar pequenos detritos na Praia Brava e um nível maior de poluição na Praia do Forte. O mar escuro se estende até a divisa com Saquarema. Há um descaso generalizado com o meio ambiente”, alertou. O documentário completo será divulgado nas redes sociais de Ernesto Galiotto e em plataformas ambientais independentes.