O ano do legislativo municipal se inicia na semana que vem, com o fim do recesso, em Cabo Frio. Mudanças foram feitas para esse novo biênio, como a presidência da Câmara Municipal. Quem assume a cadeira é o vereador Luis Geraldo (PRB), que está em seu quarto mandato como parlamentar.
Dentista, filho de comerciantes, cabofriense, nasceu em 1957. Sua trajetória política começou em 1998, através de seus trabalhos sociais na sua área de odontologia. Segundo Luis, o seu mandato se destaca em prol dos direitos humanos e da assistência social.
Entre suas conquistas no legislativo destacaram-se: a redução das férias dos vereadores de três meses para um mês, a articulação junto ao executivo municipal para o apoio à implantação da APAE no segundo distrito, a criação da lei que dispõe sobre a concessão de incentivos fiscais e econômicos para empresas que se estabeleçam no município, a lei que autoriza motoristas de ônibus a pararem fora dos pontos para mulheres e idosos e a lei que pune o assédio moral no âmbito da administração pública municipal.
O Prensa obteve uma entrevista exclusiva com o novo presidente da Casa. Confira:
Prensa: Qual a primeira medida que o senhor vai tomar? Qual a expectativa para esse ano como presidente?
Luis Geraldo: Olha só, eu já tô assumindo a presidência pela segunda vez, fui presidente em 2007 e 2008. O que a gente precisa aqui, assim que assume, é colocar a casa do jeito que você gosta de trabalhar. Você muda as pessoas dos cargos de chefia, direção, administração, isso é uma praxe, todo presidente troca. A gente sempre teve um cuidado muito grande também com a instituição, com a parte física dela, preservar a sua história, por isso estamos com alguns cuidados em matéria de reestruturação, estamos vendo muitas obras pequenas, mas que são necessárias na câmara. A gente ta com um projeto aí de adaptação para o deficiente, pois a câmara não tem nenhum tipo de acessibilidade. Queremos torná-la uma casa acessível e teria que ser uma reforma para a câmara toda, a gente quer adaptar ela para o deficiente. Estamos com um engenheiro tentando fazer um projeto com elevador para que todos tenham acesso ao plenário. E ajustar administrativamente a Casa.
Agora em fevereiro, quando termina o nosso recesso e começa o plenário, a forma legislativa em si, a gente já tem uma certa experiência, a gente trabalhou bastante isso e é dar continuidade, humanizar a casa. A gente aqui trata a todos, e sempre foi assim, desde a outra eleição, com muito carinho e com muito respeito, entendeu? Muita educação e levamos a casa assim, porque aqui é uma casa política, mas que você tem que gerir, tem que administrar ela. Não é como uma empresa particular, não é como uma clínica, entendeu? Aqui tem vários segmentos, vários interesses diferentes, você precisa saber administrar tudo isso, gerir tudo isso. Então, a intenção inicial é essa, colocar os trabalhos aqui da forma que a gente pensa, sem preterir, sem manchar nada que foi feito, cada um faz as coisas do seu modo. Equipe nova e sempre humanizando a câmara.
Prensa: O senhor tocou na volta do recesso. Voltando, já tem alguma pauta específica?
Luis Geraldo: Não, não. Algumas mensagens têm chegado, já estão aí no Governo, entendeu? Nada muito importante, mas a gente precisa receber porque o executivo tá funcionando, a gente recebe o protocolo. Eu tenho uma pauta própria, que é desde o meu primeiro mandato, eu tô no meu quarto mandato, e vou lutar muito por ela agora, para que a gente possa criar o centro municipal odontológico de atendimento à criança. Eu sou dentista também, a gente sabe que aqui em Cabo Frio o primeiro atendimento, o atendimento odontológico infantil, é super precário. As crianças são atendidas em consultórios feitos para adultos, são traumatizadas por isso e levam esse trauma pra vida inteira. É por isso que a gente vive num país de desdentado, num país em que as pessoas não cuidam dos seus dentes, extraem porque não tem tratamento pra criança de 0 a 12 anos na nossa cidade. Então estamos na luta para criar esse centro municipal odontológico, para que as nossas crianças possam ser atendidas por odontopediatras em locais específicos para elas. É uma briga que a gente ta travando há tempos e isso tem que ser feito junto com o Executivo, é claro, e a gente vai continuar nessa luta.
Prensa: Falando em Executivo, a sua linha é mais oposição ou do governo?
Luis Geraldo: Não, eu sempre tive um posicionamento aqui, não é de independência porque independente a gente sempre foi, é de posicionamentos por causas. Aqui vão chegar matérias que eu vou ser contra, vão ter matérias que eu vou criticar na tribuna, vão ter secretários que eu vou criticar na tribuna. Eu acompanhei sempre, eu entrei na política junto com Marquinho Mendes e não me poupava de fazer críticas, principalmente à Secretaria de Saúde, que é uma área que eu trabalho muito, quando precisava fazer. Agora a gente também não deixa de dar sustentabilidade ao Governo quando a matéria é boa. Então não tem isso. Se você me perguntar hoje “você está na base do Governo?”, eu respondo que estou, porque eu sentei com o prefeito e acredito nele, entendeu? Vejo nele uma pessoa de bem, uma pessoa que quer o melhor pra cidade e tô ajudando, como sempre me proponho. Eu proponho ajudar a cidade, entendeu? Se ele mandar alguma coisa pra cá que eu vejo que é ruim, eu vou ficar contra. Não tem essa dependência e essa obrigação de estar sempre com as pautas e as mensagens do Governo. Eu tenho os meus posicionamentos aqui e faço uma avaliação própria sobre os assuntos.
Prensa: Falando dos seus colegas vereadores aqui. Na última sexta-feira (25), o MP do Rio publicou no seu site sobre uma denúncia da Alexandra Codeço. Qual vai ser a sua linha com relação a isso?
Luis Geraldo: Isso é uma denúncia, ela tem todo direito ainda de se defender, né? A gente não pode sair apontando dedo e acusando ninguém antes que as coisas estejam totalmente definidas e comprovadas. Eu sou totalmente contra isso, você julgar as pessoas sem antes você ter uma definição exata daquilo que ta acontecendo. Ela já deu um posicionamento, já publicou uma nota e agora ela vai se defender judicialmente. A gente vai continuar tratando ela aqui como sempre tratou, com todos os direitos que ela tem, com todas as prerrogativas que ela tem de vereadora e ela vai ter todo direito de se defender das acusações. Isso é um processo como qualquer outro na sua vida, você é acusado, você é denunciado. Ela foi denunciada e tem todo direito de defesa ainda. E se ela lá na frente for condenada, em última instância e tal, aí a gente vai ver o que que a Casa vai fazer.
Prensa: O senhor já tinha algum acordo para assumir a presidência ou foi algo natural?
Luis Geraldo: Isso é uma coisa natural, porque eu já fui presidente, eu sou o vereador mais antigo da câmara, eu to no meu quarto mandato. Entre os vereadores muitos queriam que eu fosse presidente, foi uma coisa que caminhou com naturalidade, a gente já tinha mais ou menos isso definido desde o início do nosso mandato que eu seria presidente ou no primeiro ou segundo biênio. Não tiveram grandes disputas. No início um vereador lançou uma candidatura, mas a gente acabou conversando e entendeu que era bom a gente ter uma pessoa com mais experiência,com mais tempo de casa, tudo isso.
Prensa: Agora as questões logísticas aqui. Vai continuar o mesmo horário pras sessões?
Luis Geraldo Vamos continuar com o mesmo horário, às 18h. Aqui a gente tem que trabalhar todos os dias, mesmo com a Câmara em recesso, eu tenho vindo aqui todos os dias de manhã e de tarde. Sempre fiz isso mesmo não sendo presidente, mas como presidente, você tem sempre alguma coisa pra fazer, pra resolver, pessoas que você precisa atender, mas a logística da Casa vai continuar a mesma.
Prensa: Voltando ao que o senhor falou da questão dos dentes das crianças, o senhor então vai seguir uma linha mais de saúde?
Luis Geraldo: A gente trabalha em todas as áreas, mas você sempre se preocupa com aquilo que você tem mais conhecimento, isso é natural. Eu sou de uma família e a gente toda dentro dela vive na saúde, minha esposa é médica, tenho irmão médico, cunhada médica, três sobrinhos médicos, eu sou dentista. Tenho duas clínicas, uma aqui e uma no Rio, então a gente que tem conhecimento sobre saúde, se envolve com ela porque conhece um pouco mais. E essa luta da odontologia… é uma luta porque a gente percebe isso na cidade, a gente recebe crianças, mas a cidade precisa que a gente tenha esse atendimento infantil porque todo o instrumental, todos os equipamentos que você usa numa criança são todos completamente diferentes do que você usa no adulto,
É por isso que tem-se traumatizado às crianças, tem muita gente com medo de dentista por traumas que trazidos da infância, por não terem tido esse atendimento direcionado pra elas. Sinto essa precariedade e a sinto que a cidade precisa disso. Já conversei sobre isso com o prefeito, ele também tá disposto, eles agora receberam uma emenda parlamentar pra um centro de especialidades odontológicas, mas aí seria pra especializações, canal, periodontia, essas coisas. Ele vai fazer essa construção, a gente tá com planejamento de construir junto um anexo pra que a gente possa colocar esse tratamento infantil.
Prensa: Pra finalizar então, o senhor pode deixar alguma mensagem paro o povo cabofriense?
Luis Geraldo: Eu sempre deixo uma mensagem de otimismo. A gente tá trabalhando, estamos no quarto mandato, eu acredito que o governo que entrou pego um trabalho, um processo já em andamento, e isso é sempre difícil, é sempre problemático. Trabalhou com orçamento que não era dele, precisou não romper, ter uma solução de continuidade pra que a cidade não tivesse uma paralisação. Agora a gente espera que esse ano, já com próprio orçamento, trabalhando com a própria equipe, ele tenha um andamento melhor, a cidade melhore, a gente precisa ter uma atenção muito especial com a saúde de Cabo Frio, que tá apresentando muitos problemas, entendeu?
Estamos juntos com o Executivo e focados nisso, porque a gente sabe que precisa melhorar, tanto na saúde básica quanto na saúde secundária, terciária, mas principalmente na saúde básica, onde a gente precisa dar uma atenção especial aos USF, à Unidade de Saúde Familiar, e à Básica também, pra que a gente possa evitar que essas pessoas cheguem num determinado ponto, pra que não precisem nem de atendimento com um especialista. Muita coisa você evita atendendo no primeiro atendimento. Então a gente precisa da estrutura pra esse atendimento, para que não falte um médico, precisa ter uma estrutura física adequada. A gente teve reclamações no Hospital da Mulher, isso vem muito da falta do atendimento nos USF, falta de atendimento no pré-natal, também.Então tudo isso, junto, vai fazer tenhamos uma saúde melhor.
A mensagem é de otimismo, a mensagem é que a gente vai procurar melhorar aquilo que a gente percebe que precisa ser melhorado e uma dessas percepções é a saúde. Fazer com que a cidade funcione de uma forma segura, que as pessoas tenham seus direitos preservados, tudo isso é nossa luta, sempre foi. Pelos direitos das minorias, que a gente vai continuar nesse caminho aí.