Armação dos Búzios registrou em 2024 um paradoxo no trânsito: mais veículos e mais motoristas circulando pelas ruas, mas menos mortes em acidentes. Os dados são do Detran-RJ e da Prefeitura de Búzios, cruzados pela reportagem, e mostram como a mobilidade da cidade muda rapidamente — sem que a população oficialmente cresça no mesmo ritmo.
Segundo o levantamento, a frota local saltou de 23.981 veículos em 2023 para 25.373 em 2024, uma alta de 5,8% em apenas um ano. A expansão foi puxada por automóveis (52,4% da frota) e motocicletas (25,6%), estas últimas associadas ao aumento de entregas por aplicativo e à busca por meios de transporte mais baratos. Os veículos elétricos ainda são minoria, mas dobraram de presença: passaram de 17 para 36.
O número de motoristas também cresceu: 18.383 em 2023 para 19.798 em 2024, variação de 7,7%. A maioria continua sendo homens (68%). Em contraste, a emissão de novas CNHs caiu 4,5%, com predominância de renovações (72%), indicando que o aumento de condutores vem de motoristas já habilitados que passam a dirigir na cidade.
“Multas mudam de perfil em Búzios: excesso de velocidade supera estacionamento irregular e empresas concentram 45% das infrações.”
Apesar do crescimento da frota e de habilitados, os acidentes fatais caíram. Em 2022, foram 13 mortes em 69 sinistros; em 2023, sete mortes em 67 registros — uma queda de 46% nas vítimas fatais. O epicentro também mudou: se antes a rodovia RJ-102 concentrava os casos mais graves (37 vítimas em 2022), em 2023 o maior volume ocorreu na Avenida José Bento Ribeiro Dantas, no centro urbano, com 24 vítimas, nenhuma fatal.
O perfil das infrações também se transformou. O total de multas ficou estável — 13.100 em 2023 contra 13.042 em 2024, queda de apenas 0,4% —, mas a natureza mudou. Em 2023, o campeão foi o estacionamento irregular (35,1% do total). Em 2024, quem liderou foi o excesso de velocidade, responsável por 32% das autuações. Outro dado relevante é que empresas responderam por 45% das multas em 2024, reflexo da pressão do turismo sobre o trânsito: vans, ônibus de passeio e veículos de transporte de carga.
Há ainda sinais indiretos de dinâmicas sociais da cidade. As emissões de carteiras de identidade, por exemplo, se mantêm em nível elevado: 6.694 em 2024, sendo 70,7% de segundas vias. O índice pode indicar tanto perda de documentos em atividades ligadas ao turismo e ao mar quanto rotatividade de moradores — já que Búzios tem forte população flutuante.
Especialistas apontam que o cenário sugere avanços em fiscalização, sinalização e atendimento de urgência, o que pode explicar a queda nas mortes mesmo com mais veículos. Mas alertam que o avanço das motocicletas e o peso crescente das infrações ligadas à velocidade criam novos riscos para os próximos anos.
Os dados de 2025 ainda não estão disponíveis. A tendência, porém, é de que a pressão sobre a mobilidade continue aumentando. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), citado pelo portal Prensa de Babel, a população buziana cresceu em 2024, intensificando os desafios urbanos.
Primeira matéria da série de noítcias sobre o transito em Búzios


