Meio Ambiente afirma que TAC autoriza a delimitação de área para recomposição da restinga, mas cactos e yucas terão que ser retirados
Fotos de moradores
Indignados, moradores de Geribá, em Búzios, lotaram as redes sociais de vídeos e fotos, denunciando a instalação de cercas na areia da praia. Ao longo de toda a semana, casas e condomínios situados de frente para o mar, iniciaram a delimitação de uma faixa de cerca de cinco metros, a partir da linha dos muros, em direção à água.
Instaladas de diversas maneiras diferentes, as cercas não seguem nenhuma regra, mas segundo a secretaria municipal de Meio Ambiente, elas estão previstas no Termo de Ajustamento de Conduta que o Ministério Público firmou para a praia de Geribá. De acordo com o secretário Duda Tedesco, as cercas são permitidas como forma de proteção para a vegetação de restinga, delimitando a área e evitando a circulação de pessoas, bem como a instalação de barracas em cima das plantas nativas.
Mas pescadores disseram que as grandes ressacas do mar no início do ano arrancaram a vegetação nativa, pois a água alcançou e até derrubou muros na faixa de areia. Eles afirmam que a vegetação existente hoje já não é mais de restinga, e ninguém se lembra de um TAC firmado para isso. De acordo com eles, os condomínios e casas da praia estariam se valendo deste argumento, de existir um TAC, para instalar na areia verdadeiros canteiros com plantas exóticas e plantas com espinhos, para evitar que banhistas se aproximem dos imóveis.
– Que engraçado, não é possível que o Ministério Público esteja autorizando isso. Não acredito. Os condomínios chegaram aqui e ocuparam todo o local que antes era de vegetação de restinga e agora querem estender sua área avançando na praia, cercando e plantando espinho. Isso pode mesmo? – pergunta um morador que não quis se identificar.
Secretaria de Meio Ambiente emite licenças para instalação das cercas
Em visita ao local onde será instalado um novo posto de Salva-vidas na praia de Geribá, o secretario de Meio Ambiente, Duda Tedesco, foi questionado por moradores sobre a instalação das cercas. Em frente ao condomínio San Michele, um funcionário retirava parte da vegetação da areia, abrindo caminho para a colocação de estacas de madeira e arame. Duda afirmou que o TAC do MP foi firmado anos atrás e garante as cercas para proteção da restinga, mas afirmou que as plantas com espinhos, como cactos e yucas, entre outras exóticas, serão retiradas da areia. O secretario solicitou e conferiu a licença ambiental para a colocação da cerca, prontamente apresentada pelo condomínio.
– As cercas devem ser instaladas e a vegetação recomposta, mas para fazer isso, é preciso solicitar a licença ambiental na secretaria. O Meio Ambiente orienta as espécies nativas que podem ser plantadas aqui – explicou Duda.