Prefeito Alexandre Martins e vereador Lorram se pronunciam quanto à proposta de deságue de águas vindas de bairros próximos a Tucuns no mar
A proposta para de canalizar as águas que ficam retidas nos bairros do Cem Braças, Tucuns, Lot. do Pórtico e São José, em Búzios, e despejá-las na praia de Tucuns tem gerado discussões entre a sociedade civil organizada. Além da possibilidade de risco ao meio ambiente, as informações dadas pelos representantes do Governo Municipal apresentam incoerências.
Nesta semana, o vereador Lorram anunciou que o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) teria autorizado o deságue na mar, para sanar o problema enfrentado pelos moradores destas áreas. Nesta quinta-feira (25), o prefeito, Alexandre Martins, participou de uma entrevista para o veículo Portal RC24h, em que confirma a autorização por parte do Instituto, em casos específicos de “chuvas torrenciais”, e se mostrou “radicalmente” contra a medida.
“Esta é uma autorização que ele [Lorram] tem pedido ao Inea, há muito tempo. Já falei com o nosso secretário para tentar uma outra solução, que de qualquer maneira, tem que ser bombeada. Eu preferia que fosse bombeasse para o outro lado, de São José, para ir para a Marina, mas parece que não temos muita solução”, afirmou o prefeito.
Incoerências
Questionado pela Prensa, o Inea afirmou que ainda irá levantar as informações sobre o caso. Já de acordo com a conselheira ambiental e representante da AMOCA (Associação dos Moradores e Caseiros da Ferradura), Mônica Casarin, as informações passadas pelo Secretário de Meio Ambiente, Evanildo Nascimento, ao conselho relatam que ainda não há uma licença do Inea, e que após uma consulta, o órgão havia confirmado que a decisão pelo deságue no mar seria de responsabilidade do Município.
“Nós recebemos essa notícia através da rede social do vereador Lohan muita surpresa e preocupação. Primeiro porque é uma matéria muito importante, sabemos aqui em Búzios o sistema de coleta desgosto é por tempo seco, o que significa que o esgoto é jogado nas redes pluviais, de lá são levados até estação de tratamento através de bombas, mas quando tem chuva ou excesso, as bombas não dão conta, então este esgoto vai diretamente com os corpos hídricos do município, lagoas e mar. A situação dos bairros também é muito preocupante em relação a drenagem, porque vivem em situações de alagamento a cada chuva forte, o que é inaceitável.
Este é um assunto delicado que precisa ser tratado por técnicos capacitados e com muito cuidado pra não prejudicar nem e nem outro, porque pegar toda assada levar pra desaguar em Tucuns é uma incoerência, já que Tucuns e Forno são as únicas praias de Búzios que ainda tem condição de receber a Bandeira Azul, que é o selo de qualidade ambiental, porque o resto já está tudo poluída”.
Mônica ainda ressaltou que os membros do conselho solicitaram uma reunião urgente com o presidente da Prolagos, o Secretário de Obras, Saneamento e Drenagem, Miguel Pereira, o Secretário de Meio Ambiente, e o engenheiro sanitarista, Beto Bloch, que possui um projeto de solução paralelo ao proposto pelo governo municipal.
DISCUSSÃO NA CÂMARA
Também questionada pela Prensa, a assessoria do vereador Lorram informou apenas que o parlamentar iria comentar o tema na Câmara Municipal, nesta quinta-feira (25).
Durante a sessão, o vereador explicou que houve uma conversa com o Secretário de Obras e voltou a afirmar que a licença foi concedida por parte do Inea.
“É importante este debate, mas nunca, jamais pensaríamos, compactuaríamos ou iríamos permitir que algo tão catastrófico fosse feito na Praia de Tucuns, infelizmente, do que já é feito hoje em João Fernandes, no centro da cidade, na Rasa e em Maguinhos”.
Lorram explicou que há a necessidade de cobrar a Prolagos quanto às obras de saneamento básico nas ruas próximas à praia. Em contrapartida ao posicionamento do vereador, entende-se que o papel fiscalizador das possíveis ligações clandestinas de esgoto é de responsabilidade da Prefeitura.
Durante o discurso, Lorram ainda ressaltou que estará na empresa, na próxima semana para cobrar respostas.
A Prensa questionou a Prefeitura e a Secretaria de Meio Ambiente, que ainda não enviaram respostas.