Por Talytha Selezia
É importante falar, que isso é uma continuidade, do comportamento tipicamente racista do povo, que diz: “se não faz merda na entrada, faz na saída.”
Se espera, e de certo modo, torce para que o cantor seja de fato um abusador, torce para que a atriz cometa aquela gafe, que aquele ator não seja magnífico naquele papel de homem poderoso, afinal, no espaço televisivo, o preto atua melhor como submisso, e em todos os campos, existe uma torcida para que nosso comportamento seja falho, e isso vindo de pretos de militância também.
Não existe um apoio ao preto que está tentando ser sozinho, ao cara que investiu no sonho, a mina que tá correndo atrás do que acredita, mas existem dedos, tão imundos quanto, julgando qualquer erro, pelo menor que seja, se achando no direito de julgar.
Pretos com julgamentos de branco, pretos que julgam seu irmão com olhos de colonizador, pretos replicando um discurso de 300 anos.
Não estou dizendo que devemos desculpar erros, pois são pretos, ou fingir não ver, mas porque só enxergamos quando são pretos, só existe essa revolta em massa quando é com os nossos.
Se uma mina preta quer cantar uma música na voz e violão, gostou do vídeo e postou, elogiar o trampo não custa nada, mas decide desmerecer, pois foi um “acústico” de uma música que era melhor do outro formado.
A mulher que se colocou ali, cantando algo que ela queria, do formato que ela queria, é uma mulher foda, que foi massacrada por comentários como:” se fosse uma branca tinha até explicação. ” ” poxa você fazendo isso? ” “deixou a música branca.” por pessoas que deveriam apoiar ela, ter o mínimo de empatia.
Essa é minha colocação, aceitam migalhas de cantores/atores / escritores gringos e brancos, enquanto se precisa ser perfeito para que tenhamos metade da atenção que é dada a eles, os mesmos que reclamam do racismo, o fazem.
– Talytha Selezia é poeta, mulher preta e integrante do Coletivo Ônix