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Otorrino esclarece dúvidas sobre lavagem nasal

Otorrino esclarece dúvidas sobre lavagem nasal
Otorrino esclarece dúvidas sobre lavagem nasal

Assim como a vacina contra a gripe é crucial na prevenção de gripes e resfriados, a lavagem nasal com soro fisiológico surge também como uma aliada importante na prevenção e no tratamento de doenças respiratórias, que apresentam mais casos justamente nesta época de frio. Também conhecida como irrigação nasal, essa prática é recomendada por médicos para hidratação e limpeza das cavidades nasais. A Sociedade Brasileira de Pediatria, inclusive, lançou um manual com orientações para a lavagem nasal. 

Sofia Borges é médica otorrinolaringologista e destaca que a lavagem nasal tem raríssimas contra-indicações. No entanto, por apresentar certos incômodos na hora da sua realização, principalmente pelas crianças, é normal que surjam dúvidas e questionamentos acerca do procedimento. 

Como fazer lavagem nasal?

Segundo Sofia Borges, a técnica correta depende do dispositivo a ser usado, do objetivo da lavagem nasal e da idade do paciente. Mas, independente de tudo isso, a irrigação deve ser feita sempre sob baixa pressão. “A técnica correta é a criança inclinada para frente, os olhos para o centro da pia, a boca aberta, a cabeça levemente inclinada para o lado, a seringa encostada na narina e fazendo a infiltração lenta do soro, sempre com baixa pressão”, ressalta a especialista.

Ela lembra ainda que o melhor momento para fazer a irrigação nasal é no banho. “Nesse momento, a gente já sabe que o catarro tende a estar mais solto, mais facilmente mobilizado, porque a gente tem todo aquele vapor do banho e isso ajuda a limpar o nariz da criança com mais facilidade”, destaca a otorrino.

Para crianças, os dispositivos específicos para a prática podem ajudar os pais na hora do procedimento, de acordo com a profissional. “Sabemos o quanto é complicado lavar o nariz das crianças. Por isso, o uso de dispositivos lúdicos, que lembram um brinquedo, podem facilitar o processo de forma eficaz, entrando no universo da criança, tornando o momento menos desconfortável. Outro cuidado importante é a segurança. Jamais devemos usar seringas e outros apetrechos improvisados nas lavagens nasais. Temos que usar dispositivos feitos para esse fim”, ressalta.  

Quem pode realizar a lavagem nasal?

A lavagem nasal pode ser feita em crianças e adultos. Segundo Borges, pode ser realizada com segurança a partir do primeiro dia de vida, desde que o dispositivo para a prática, volume, posição e pressão estejam corretos. Além disso, pessoas em gestação podem fazê-la também e pode, inclusive, ser uma aliada durante o período. “Muitas gestantes têm o que a gente chama de rinite gestacional. O nariz tende a ficar mais entupido e/ou escorrendo. Nesse caso, a lavagem nasal com soro fisiológico também é uma forma muito segura de ajudar a atenuar esses sintomas”, destaca a médica.

Para que serve exatamente a lavagem nasal?

Serve para a higiene, umidificação do nariz e prevenção e tratamento de doenças respiratórias. “A lavagem nasal deve ser feita diariamente, mesmo em crianças saudáveis, para prevenir contaminações, eliminar micro-organismos presentes apenas nas narinas e seios nasais antes que  penetrem no organismo”.

É importante destacar, que, de acordo com Sofia Borges, na fase de doença respiratória, a limpeza ajuda a reduzir a inflamação que provoca as secreções e alivia, assim, os sintomas. “Ao eliminar o muco das paredes do nariz e da face, essa técnica remove o vírus alojado na região e reduz os desconfortos causados pela inflamação”.

Quando e para quem a lavagem nasal é indicada?

  • Quem deseja fazer a higiene nasal ou a umidificação nasal;

  • Quem apresenta sangramentos nasais;

  • Quem tem dificuldade em sentir cheiros (algo que ficou comum pós-Covid-19)

  • Quem sente o nariz entupido ou apresenta escorrimento;

  • Pacientes que têm indicação cirúrgica tanto no pré-operatório quanto no pós-operatório;

  • E até pacientes que têm perfuração de septo ou que precisaram passar por alguma sessão de radioterapia na região do nariz.

(orientações da otorrino Sofia Borges)

Com qual frequência preciso fazer a lavagem nasal?

A frequência é definida conforme o objetivo do paciente e do tratamento. Se o paciente tiver um quadro mais controlado de rinite, ele pode realizá-la uma vez por dia apenas. Mas, se ele apresentar um quadro mais grave, a frequência pode ser maior. Por isso, de acordo com a médica, a lavagem nasal deve ser prescrita de forma individualizada. 

Posso utilizar água do mar para realização da lavagem nasal?

A recomendação é que a lavagem seja feita com soluções isotônicas (soro fisiológico) ou soluções hipertônicas a 2% e 3%, já prontas no mercado, segundo a otorrinolaringologista.  “A água do mar é muito hipertônica, ou seja, contém muito mais sal que a solução fisiológica. Ela é contraindicada para a lavagem nasal porque, além de não podermos garantir sua limpeza, pode ser desconfortável devido ao excesso de sal”, alerta.

Sofia explica que o soro utilizado para a lavagem nasal nunca pode estar em temperatura fria. De acordo com a otorrino, o soro ideal para a irrigação é aquele com temperatura ambiente ou levemente morno. “É muito importante lembrar que na época do inverno, o soro que é guardado dentro do banheiro acaba ficando frio. Às vezes, a temperatura ambiente torna-se fria para a mucosa e isso pode ser desconfortável durante a lavagem. Então pode ser que seja necessário esquentar um pouquinho no micro-ondas antes de realizar a lavagem”, complementa.

Preciso suspender algum remédio para realizar a lavagem nasal?

“Pode ficar despreocupado, não é necessário. A lavagem nasal não tem interações medicamentosas conhecidas” (Sofia Borges).

Existem efeitos colaterais causados pela lavagem nasal?

De acordo com a otorrino Sofia Borges, se feita de maneira correta, a lavagem nasal não apresenta efeitos colaterais. “O que nós temos que ficar atentos é ao explicar corretamente [o procedimento] para o paciente porque, às vezes, por um excesso de pressão durante a lavagem, o paciente pode empurrar tanto o soro fisiológico quanto o catarro por dentro da tuba auditiva e chegar no ouvido. Isso pode ser uma causa de dor de ouvido. Essa dor pós-lavagem é facilmente evitada se a gente corrige a técnica”.

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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