Ao ser reeleita para o terceiro mandato seguido na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a deputada estadual Rosangela de Oliveira Zeidan, de 54 anos, não apenas repetiu a façanha da ex-deputada Inês Pandeló , a única a ter eleger três vezes seguidas para a Casa Legislativa estadual pelo Partido dos Trabalhadores.
Mais do que isso, ao obter 50.743 votos na eleição do último dia 2, Zeidan se credenciou a fazer parte de uma histórica bancada, que vai contar com maioria de mulheres. Entre os sete parlamentares eleitos pelo PT para o quadriênio 2023-2027, elas vão ocupar cinco cadeiras no plenário.
Nessa entrevista ao Portal Prensa de Babel, Zeidan fala sobre a expectativa para a nova legislatura; as pautas pelos direitos das mulheres; a composição partidária na Alerj e, claro, os planos para o desenvolvimento de Maricá.
Nesse sentido, ela espera pela eleição de Lula como presidente, para realização de um trabalho em conjunto com o Governo Federal.
“Não está fácil pra ninguém. Precisamos de empregos, de indústria forte e de qualificação da nossa população”, afirmou.
Prensa de Babel – O que representa para a senhora a conquista do terceiro mandato consecutivo na Alerj?
Zeidan – Gratificante, principalmente por saber que temos legitimidade para representar a população do estado e defender políticas públicas para todos. Não é fácil ser mulher, ser mulher na política é ainda mais difícil, mas a gente sabe exatamente o que a população precisa e trabalha com afinco para termos dias melhores.
Prensa – Quais as principais pautas ou projetos que pretende defender nesse novo mandato?
Zeidan – Olha, eu tenho muitas pautas para a população feminina e vou continuar, inclusive agora, acho que o estado tem que construir hospitais voltados especialmente para mulheres, mães e crianças. O índice de mortalidade materna é muito alto e precisamos reduzir isso, assim como garantir exames e tratamentos para mulheres, evitando a proliferação de doenças e os casos irreversíveis de câncer de mama e de colo de útero, que muitas vezes são descobertos após muito tempo por falta de exames preventivos. Mas tenho pautas para juventude, habitação, cultura. Vejo que um mandato tem que ser plural, assim como tenho votos em todo o estado e em vários setores. Vamos continuar ouvindo a população e levando para a Alerj o que o povo precisa.
Prensa – Com a presença da senhora e a chegada do Renato Machado, ambos integrantes do grupo político que integra o governo municipal, aumenta a representação de Maricá na Alerj. Existe algum projeto para expandir as políticas públicas e sociais do município para o restante do estado?
Zeidan – Sim, eu já conquistei muitas coisas para Maricá. Ter um bom relacionamento com todos os órgãos é fundamental. Se hoje a cidade de Maricá pode cuidar do trecho da rodovia que corta a cidade, como a RJ-106, fazer passarelas para dar segurança aos moradores é fruto do nosso mandato e das nossas cobranças. Há uma escola de nível médio em Itaipuaçu que está em fase final de conclusão. A Uerj, que vai chegar no próximo ano em Maricá. O Bairro Seguro que teve em Itaipuaçu a primeira unidade fora da capital. Maricá, por exemplo, arca com muito mais policiais cuidando da cidade do que o próprio Governo do Estado. No que depender de mim, vamos ampliar ainda mais (as políticas sociais) e continuar cobrando do Cláudio Castro que olhe por Maricá e por todo o estado.
Prensa – O PT vai aumentar a bancada de dois para sete deputados a partir do ano que vem. O partido se consolida como a maior força de oposição ao governo Cláudio Castro na Assembleia Legislativa e ao bolsonarismo no estado do Rio?
Zeidan – Na legislatura passada fomos três eleitos, um (Waldeck Carneiro) deixou o partido e agora nossa maior conquista foi eleger cinco mulheres. Sei que todas nós atuaremos em conjunto e isso vai fortalecer ainda mais o partido. Vejo que a eleição do presidente Lula está por vir e nossa preocupação é garantir políticas públicas que salvem o estado do Rio de Janeiro. Não está fácil pra ninguém. Precisamos de empregos, de indústria forte e de qualificação da nossa população. As pautas do presidente atual não são para o povo, diferente do PT, que governa para quem mais precisa. O salário mínimo hoje não sustenta uma família e o desemprego tem deixado muita gente morando nas ruas e passando fome. Isso a gente combate dia e noite.
Prensa – Como vislumbra o enfrentamento ao governo estadual e sua ampla base de apoio, notoriamente defensora de pautas bolsonaristas?
Zeidan – Com respeito, mas sempre defendendo a população. O nosso estado é muito importante no cenário nacional e não recebe incentivos e investimos. A gente quer respeito às mulheres, aos índios, negros, homossexuais, respeito ao ser humano.
Prensa – Ao fim do primeiro turno, parte da militância petista demonstrou abatimento pelo fato de a eleição não ter sido decidida no primeiro turno. Como viu o resultado da eleição presidencial e o que projeta para a disputa do segundo turno?
Zeidan – Não vi abatimento da militância. Teria sido ótimo resolver no primeiro turno, mas estamos na luta para chegar no dia 30 com ampla vitória. Sabemos que o Lula teve cerca de seis milhões de votos a mais que o segundo colocado e esse mesmo usando a máquina pública ficou em segundo lugar, o que é uma novidade numa disputa eleitoral.
Prensa – Na bancada do PT, a partir do ano que vem, cinco dos sete parlamentares serão mulheres. Na Alerj e na política em geral, a participação feminina ainda é menor, apesar de ser maioria na sociedade. Como vê essa questão e de que forma a atuação da bancada feminina petista pode ajudar a mudar esse quadro?
Zeidan – Foi uma grande conquista. Temos um grupo de mulheres militantes e aguerridas. A participação das mulheres na política é fundamental. Nossa visão de mundo e mais ampla, nossa sensibilidade maior. Lugar de mulher é onde ela quiser e na política principalmente. Vamos fazer um mandato lindo e cheio de pautas importantes para a população feminina, todos e todas. Estou muito animada para mais esse mandato. Tenho bastante experiência na Casa e pretendo auxiliar minhas companheiras que serão novatas na Casa Legislativa do Estado.