Por Cristina Pimentel e Luisa Barbosa
Por um feminismo para os 99% e uma greve internacional militante em 8 de março! Este foi o tom da manifestação de mulheres, em Búzios, alinhado ao manifesto lançado por Angela Davis e Nancy Fraser, ativistas norte-americanas, e das mulheres de 40 países que aderiram à greve por um diade luta e reflexão, sem serviços domésticos, sem trabalho e sem sexo.
O coletivo Mulheres pela Segurança de Búzios responsável pela organização da greve, às 5 da manhã, já estava nas ruas colando cartazes e fazendo intervenções pela cidade. Às 12h30, empunhando faixas, cartazes e com batom vermelho na boca, em forma de cruz, prestou uma homenagem às mulheres ainda silenciadas pela violência. Sob o forte sol, saíram do Colégio Estadual João de Oliveira Botas, em direção à Estrada da Usina, passaram nas Secretarias de Segurança Pública e Educação, Prefeitura, Colégio Municipal Paulo Freire, 127ª Delegacia de Polícia e Biblioteca Municipal. Seguiram elas em direção à Praça Santos Dumont, onde, em meio a discursos e manifestações, poesia e boa música, com a temática feminina, foram colhidos depoimentos de mulheres que já sofreram algum tipo de abuso e violência.
Não menos importante, foi o lançamento, com recursos do próprio coletivo e em tempo recorde, de uma cartilha intitulada “Greve Internacional de Mulheres”, distribuída ao longo da passeata e na Praça Santos Dumont. Registre-se que a cartilha foi muito bem recebida, inclusive, por homens que, surpreendentemente, abordaram as feministas e mostraram-se bastante interessados no material e no movimento.
Mas o que seria um feminismo para os 99%? Está diretamente relacionado à distribuição de renda, no Brasil, e mundo afora, em que uma população de 1% detém 50% das riquezas mundiais e 99% da população fica com a outra metade. É injustiça que não acaba mais. Com isso, anuncia-se um novo feminismo internacional, com agenda expandida, em que a luta heterogênea pelos direitos da mulher lança luz às lutas da mulher trabalhadora, da desempregada, de diferenças salariais, somando-se, desta forma, aos direitos dos excluídospor modelos econômicos neoliberais e imperialistas que impõem amulheres e homens os prejuízos da alta concentração da renda.
Violência sexual, estupro, lesão corporal por violência doméstica, pauta clássica do movimento feminista,são problemas que fazem de Búziosuma das cidades mais violências do Estado. Os protestos contra o feminicídio, a misoginia; a defesa dos direitos reprodutivos e seguros e o posicionamento por uma sociedade anti-rracista, anti-imperialista, anti-heterossexista não ficaram de fora.
As “Mulheres pela Segurança de Búzios” nunca falaram tão sério. Já têm uma pauta de atuação permanente com o objetivo de colaborar com a prevenção e a conscientização de todos sobre a importância de construirmos uma sociedade livre da opressão, da violência e fundada no respeito, na solidariedade e amorosidade entre todos.