Lei 3.282 já está em vigor e deve ser previamente autorizada pelo profissional responsável pelo tratamento dos pacientes
O mundo da maioria das pessoas que está internada em hospitais fica um pouco sem cor, em alguns momentos triste e em outros chega a ser desesperador. Em tempos de pandemia do coronavírus, a situação complicou ainda mais com as restrições das visitas presenciais para quem precisa de cuidados de especialistas. Em muitos casos era a presença de familiares e amigos que alegrava o dia e dava forças para que o paciente continuasse lutando pela vida.
Mas essa solidão pode ser amenizada, em Cabo Frio, com a Lei 3.282, que autoriza visitas virtuais. Sancionada pelo prefeito, José Bonifácio, no dia 8 de junho deste ano, e de autoria do vereador, Léo Mendes, o objetivo é aproximar o paciente recuperado da Covid-19 dos seus familiares. O contato será realizado por meio de videochamadas, mensagens de áudio e/ou vídeo e podendo ser feito por aparelhos celulares, tablets, notebooks da instituição, do paciente ou familiar.
O parlamentar explicou que a proposta de lei surgiu após a internação da sua mãe, Claudia Mendes, de 50 anos, por causa de complicações provocadas pela Covid-19. No mês de março deste ano, ela ficou dois dias em observação na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Parque Burle, e sete dias internada do Hospital Otime Cardoso dos Santos, no Jardim Esperança. Com poucas notícias e sem poder falar com ela, Léo percebeu que precisava fazer algo para ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação.
“A falta de notícias da minha mãe fez com que eu pensasse nesse projeto de lei. Eu conversei com muitas pessoas que aguardavam por notícias nas portas dos hospitais e vi o desespero delas. Mais que o estado de saúde, elas queriam ver o parente internado, ouvir a voz. Acredito que a sanção dessa lei pode trazer mais alívio, tanto para quem está internado, quanto para quem aguarda informação”, explicou Léo Mendes
Solidão dentro do hospital
A solidão momentânea vivida dentro dos hospitais é uma realidade de pacientes com Covid-19. No caso de Tiago da Costa, que venceu a doença, em abril deste ano, o sentimento foi ainda maior: abandono. Internado por 26 dias, sendo 11 deles intubados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um hospital particular de Cabo Frio, ele sentiu na pele como a dificuldade de ficar sem contato com o mundo externo.
“Comecei, no dia 17 de março, com sintomas de febre e dificuldade de respirar. Procurei o hospital achando que iria ficar um ou dois dias em observação, mas eu estava enganado. No dia 21 de março começaram os dias mais desafiadores da minha vida: fui intubado. Felizmente, eu tive a chance de sair com vida da UTI, graças a Deus! Mas, apesar de aliviado, eu me sentia abandonado”.
O auxiliar de escritório contou ainda que quando deixou os aparelhos mecânicos e retomou a consciência se sentiu muito sozinho pela falta de contato com a família. “Quando eu estava me recuperando, um médico conhecido me atendeu e fez uma videochamada com minha família. Foi nesse momento que eu comecei a ficar mais calma e vi que minha família e amigos estavam ali o tempo todo me dando força. Além do físico, a doença também prejudica o emociona”, lembrou Tiago que é casado em tem um filho de 4 anos. Ele deixou o hospital no dia 10 de abril.