Nas redes sociais internautas pediram a intervenção da polícia para acabar com movimento alegando que não existe racismo na cidade
Neste domingo (7), representantes do Movimento Negro Perifa Zumbi e da Umeab – União Municipal dos Estudantes de Búzios, se reuniram na Praça Nicomedes, em Manguinhos, para o ato Vidas Negras Importam. De forma pacífica e respeitando as regras de distanciamento e uso de máscara, o grupo também promoveu a arrecadação de alimentos que foram entregues à Rede Solidária Búzios. Foram arrecadados 45 kg que seguiram direto para a APAE.
Acompanhando os protestos em todo o mundo, iniciados com a morte do americano negro, George Floyd, por um policial branco, ativistas de Búzios organizaram um movimento para denunciar as condições de vida da população negra no Brasil.
– Com a falta de condições para manter-se em quarentena, a realidade de muitas famílias aqui de Búzios é a fome, o ônibus cheio nas idas e vindas do trabalho, o desespero nas filas da Caixas Econômica e todo tipo de exposição ao coronavírus – explica Pétala Cormann de Jesus e Silva, organizadora do ato.
Cerca de trinta pessoas participaram do movimento, muitas empunhando cartazes contra o racismo. Nas falas, o discurso duro lembrando a falta de assistência, e de políticas públicas que ajudem a população negra a melhorar sua condição de vida.
– Os negros vivem sob ameaça constante. Risco social, fome, violência e genocídio nas comunidades. Com a chegada da pandemia, estas situações ficaram ainda mais gritantes. Como a população negra e pobre pode se manter em isolamento? Impossível. Sem ajuda do governo estão todos condenados a sofrer o pior nesse momento. Muita gente não enxerga, mas em Búzios tem muito racismo. Quando anunciamos este ato nas redes sociais, teve gente pedindo repressão policial contra o nosso movimento. Escreveram: todas as vidas importam e não só a dos negros. A segregação aqui é muito grande – revela Pétala.
Pétala conta que a partir de agora o movimento contra o racismo vai continuar com força em Búzios. Organizadores do ato deste domingo já combinaram manter o tema em voga na cidade e promover campanhas contínuas de combate ao racismo e à precária situação da população negra.