Carla Natália Marinho prestou contas sobre atividades realizadas no ano letivo de 2021 e o planejamento da pasta para 2022
Muitos são os questionamentos dos responsáveis pelos alunos da rede municipal de ensino de Búzios. Durante meses, eles criticam a falta de comunicação e clareza das informações por parte da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia. Por mais que algumas das demandas tenham sido atendidas, ainda há muitas pendentes. Na manhã desta quinta-feira (26), os vereadores do município realizaram uma sabatina na Câmara Municipal. Além do plenário cheio, muitas pessoas acompanharam pelas redes sociais.
Entre os assuntos levantados, estão: obras das unidades escolares, demorado kit alimentação, instalação de aparelhos de ar condicionados, transporte escolar, uso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a polêmica de não ter dado o abono a categoria no final do ano passado, além da demora da distribuição de tablets, evasão escolar, sistema de matrícula e situação do município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), entre outros questionamentos.
Logo no início da abertura, a secretária de Educação, Carla Natália Marinho, fez uma explanação do trabalho desenvolvido em 2021. Frisou que a gestão entrou em um período pandêmico e que encontrou muitas dificuldades, apontadas em slides. Citou que os prédios estavam sem manutenção, as mobílias estavam velhas e enferrujadas, transporte sucateado, parquinhos quebrados e sem estrutura pedagógica.
Destacou os R$ 18 milhões investidos até o mês de agosto com o ValeCard, auxílio alimentação durante o período que os alunos ficaram no ensino remoto, a manutenção predial das unidades, a compra de 200 computadores para auxiliar o trabalho da equipe da pasta, aumento do transporte escolar, aquisição de novas mobílias e melhora do cardápio alimentar, além do projeto de busca ativa pelos alunos em evasão escolar. Alguns desses pontos foram rebatidos pelos parlamentares, principalmente pela demora na execução.
Como planejamento para 2022, Carla Natália citou a reforma das unidades escolares, que começou com a Escola Municipal Nicomedes Theotônio Vieira, entregue este mês, e vai continuar com as escolas municipais José Bento Ribeiro Dantas, Eliete Mureb de Araújo Góes, João José de Carvalho e Ciléia Barreto, respectivamente.
A secretária falou sobre os uniformes que começaram a ser entregues, total de 8.611. Destacou a conquista com a primeira gestão democrática com eleições para diretores, algo inédito até então no município, e a formação dos conselhos escolares, além de destacar ações de educação inclusiva e projetos integrados às outras secretarias que estão sendo ofertados aos alunos.
Ações previstas para os próximos dias
A gestora da Educação citou em sua explanação algumas ações previstas para os próximos dias, como inauguração da Creche Nobelina Alves de Almeida, na Ferradura, no dia 1º de junho, a construção de uma nova escola no trevo do Barbuda, em Manguinhos, e a reforma da escola José Bento, que este ano completa 70 anos. Além disso, anunciou a reabertura da Creche Tia Diva, e a parceria com a Creche Bárbara Wright, que ofertará 80 vagas para os estudantes que moram no bairro de Manguinhos. Disse também que haverá os alunos da Escola Nicomedes em agosto irão poder contar com cursos profissionalizantes.
Sabatina dos vereadores
O vereador Gugu de Nair quis saber qual é a posição do município no Ideb. A secretária disse que o MEC ainda não divulgou o ranking. O parlamentar também quis saber sobre o número de evasão escolar, e a resposta obtida é que a equipe está ainda fazendo a busca ativa, mas que esse ano não houve evasão.
Um dos questionamentos mais esperados pela categoria da educação foi feito pelo vereador Dida Gabarito. Ele quis saber o porquê o município não deu abono regulamentado pela Câmara Municipal no fim do ano passado. Segundo Carla, “como a liberação do governo federal só ocorreu no dia 27 de dezembro, a equipe preferiu não dar abono e garantir o reajuste salarial e pagamento dos quinquênio e triênio que estavam atrasados”.
Sobre o Kit Merenda, também questionado por Dida, a resposta foi que no primeiro momento houve uma demora de liberação dos processos, e que agora é a empresa prestadora de serviço que pediu realinhamento inflacionário para enquadrar o preço. Foram entregues para a educação infantil 3.200 kits e ainda faltam 2.100. Já para o ensino fundamental o número de cestas entregues é de 10.943 e ainda faltam 10 mil.
Na ocasião, a secretária respondeu uma pergunta feita pelos pais e que ficou em aberto durante todos esses meses: o motivo de retirar o vale-card. A secretária disse que em uma videoconferência realizada com o MEC no ano passado, assim que os alunos voltaram para sala de aula, foi orientada que não precisava da continuidade ao pagamento do benefício para todos os estudantes, já que alguns optaram por não voltar se manter no ensino remoto. Mas como os alunos retornaram de forma híbrida, o município havia optado por disponibilizar um kit alimentação não só para quem escolheu estudar de casa, mas para todos devido ao revezamento. Kit esse que só chegou no fim de dezembro e para algumas escolas.
O vereador Aurélio Barros quis saber sobre o transporte, quantos eram na gestão passada e quantos são agora. De acordo com Carla Natália, em 2019 em cinco veículos atendendo a rede municipal; 2021 – 14 veículos e 2022 – 22 ônibus, podendo chegar a 28, conforme consta na licitação.
Sobre a falta de professores, a pasta disse que não tem, o que ocorre é necessidade pontuais de ajustes de horário em duas escolas, uma creche e a Escola Nicomedes. Negou que tenha falta de professores no Colégio Paulo Freire. Em relação a matrículas, deu a entender que os pais que não colaboram com as atualizações dos endereços, o que dificulta a organização da pasta.
“A culpa é da população? A culpa não é pela precariedade do sistema que utilizam para as matrículas, nem pela falta de capacidade dos funcionários da secretaria? Não, não é isso!”, rebateu Belen Baigorria, do Coletivo Por Nossos Filhos.
A justificativa pela instalação dos aparelhos de ar condicionados não agradou o vereador Raphael Braga, que criticou gastar tanto dinheiro sem nem ao menos testar os aparelhos. A equipe da Secretaria garantiu que foram testados e que a demora depende de um processo que está em andamento com a empresa Enel para ampliação da rede elétrica.