Sem trabalhar desde março, com o início da pandemia no Brasil e os decretos de isolamento social, os trabalhadores ambulantes das praias de Búzios levaram mais uma vez para o espaço da Câmara de Vereadores, o problema social que enfrentam.
Reunidos, cinco representantes dos trabalhadores ambulantes, o secretário de Turismo, Cultura e Patrimônio Histórico, Armando Ehrenfreund, a coordenadora da Procuradoria Municipal, Bárbara Baez e a presidente da Câmara, Joice Costa, conversaram na última sexta-feira (7) sobre a flexibilização em curso na cidade e o possível retorno do trabalho nas praias até o feriado de sete de setembro. O debate foi transmitido ao vivo nos canais da Câmara Municipal.
Explanando toda a dificuldade vivida pela categoria neste momento, os ambulantes cobram da prefeitura um planejamento de reabertura que os contemple também. Acompanhando o retorno gradual de diversos setores da economia buziana, os trabalhadores de praia pedem uma data para retomarem sua atividade.
– Ambulante trabalha cada um para o seu lado, individual, sem aglomeração.
Vamos criar um protocolo! Não somos nós, na praia, que vamos aumentar o índice de contaminação e causar problema. Pedimos a atenção do poder público, pois não podemos mais esperar. Precisamos voltar e o feriado de sete de setembro se aproxima – destaca o ambulante Samuel.
Para o secretario Armando, ainda é difícil falar em data de retorno para o trabalho dos ambulantes. Ele explica que a cada semana ocorre uma nova flexibilização, e que a reabertura tem que ser cautelosa e gradual.
– Para alcançarmos um resultado positivo em relação à segurança sanitária, temos que trabalhar a reabertura com muita atenção e cuidado. Até aqui está funcionando bem, mas locais turísticos como Gramado, Florianópolis e Blumenau por exemplo, tiveram que recuar e fechar novamente. Não queremos que isso aconteça aqui. Sabemos que Búzios rapidamente atrai 30, 50 mil pessoas num final de semana. No feriado nossa população pode quadruplicar. Temos que ser cautelosos. Ainda não tenho como falar em data para o retorno dos ambulantes – afirma Armando.
Reforçando a fala do secretário de Turismo, a coordenadora da Procuradoria disse que a liberação do comércio de praia também depende da liberação das praias. Ainda não está autorizada a permanência nas praias para o lazer, apenas para a prática esportiva, caminhadas e banho de mar, sendo vedada a permanência na areia, com ou sem barracas e cadeiras. Bárbara Baez também ressaltou a possível redução de licenças para ambulantes trabalharem no município, seguindo uma recomendação do Ministério Público Estadual, que de acordo com ela, teria sugerido a diminuição no número de licenças de ambulantes, sobretudo do segmento de aluguel de cadeiras e mesas.
Com as licenças suspensas pela prefeitura, os ambulantes trouxeram ao debate o tema do recadastramento. Alegando assédio moral através de ameaças constantes de perda de licenças para o trabalho de ambulante, e perda de espaço na praia, os trabalhadores pedem uma explicação definitiva por parte do poder público, sobre o que vai ser feito.
– Precisamos de dignidade! O ambulante sempre se sentiu discriminado na cidade. Agora estamos sem trabalho, cassam nossas licenças e ninguém nos dá nenhuma explicação. Brigam com nossas autorizações ameaçando nos tirar da praia e a gente tem que viver sempre com esta insegurança e sem ver nenhum planejamento. O prefeito disse que ia diminuir o numero de licenças na praia, mas aumentou 100%. Não temos distinção de autorização entre ambulante e quiosqueiro que é fixo. E o recadastramento? – questiona o ambulante Roberto.
Após cerca de duas horas de debate, o encontro foi encerrado sem que garantias fossem dadas aos ambulantes, e nem mesmo uma data para o recadastramento chegou a ser apresentada pela prefeitura. Sem respostas, o grupo deixou como recado final mais um incômodo, a falta de presença dos vereadores. Para os ambulantes, isso demonstra que a luta deles pelo direito ao trabalho e à vida, não interessa aos edis.