Hoje (19/10) na Câmara Municipal, a vereadora conhecida por sempre usar sua religião, seja na campanha, seja no plenário, falou que a ideologia de gênero está sendo colocada como obrigação nas escolas. Sendo que, a questão de ideologia de gênero foi usada por conservadores para impedir a questão do “RESPEITO á identidade de gênero” e que nunca houve essa inclusão nem pelo MEC e nem pelos movimentos feministas e LGBTs do Brasil. O movimento luta pelo respeito a identidade de gênero a fim de diminuir a evasão escolar e nunca pautou sobre ideologia de gênero.
Ainda, pegou a revista “Veja” que na capa falou sobre pessoas trans e de forma bem agressiva criticou. Também atacou a marca de sabão em pó “OMO” por apoiar a igualdade de gênero. Ela também afirma que foi autora de um projeto de lei que foi sancionado, que irá punir professores e diretores que falarem de gravidez e sexualidade, porque a mesma afirma que isso é pornografia. Por mais engraçada que pareça, disse que não é intolerante.
Segundo Luciana Britos, pesquisadora e psicológa da Anis, precisamos entender que a escola é um espaço não só para ensinar letras e números, mas também para promover cidadania; e, nesse sentido, deve ser espaço democrático e inclusivo, onde estudantes aprenderão que é possível o convívio com a diferença longe da violência e opressão. Uma escola que promova a igualdade de gênero não é uma escola que ensina crianças e adolescentes a serem gays ou que ensinam sexo de maneira inapropriada para as diferentes faixas etárias. É espaço pedagógico no qual se aprende que sexo é muito mais que natureza ou biologia, é também regime político da vida. Por isso acreditamos que a escola é lugar para o ensino do respeito mútuo. Isso não significa que a escola disputará com a casa ou a igreja – há valores morais que aprendemos e ensinamos em nossa vida privada. Mas é principalmente na escola que convivemos pela primeira vez com os diferentes de nós: as crianças verão que há diferentes cores, religiões e modos de se apresentar no mundo. Uma escola que promova igualdade de gênero será também espaço para todos e todas e, quem sabe em um futuro bonito, terá a potência de formar uma sociedade livre do ódio, violência ou perseguição.
Assim, não nos cansaremos de repetir: escola é instrumento poderoso para o exercício da cidadania e formação de meninas e meninos. Silenciar o gênero na escola é reproduzir as desigualdades, é ignorar a diversidade e a possibilidade de uma vida feliz com nossas próprias escolhas no campo sexual e reprodutivo. Falar e promover a igualdade de gênero na escola não é anular as diferenças ou promover ideologias, mas garantir que qualquer cidadão e cidadã brasileira viva e apresente-se da forma como quiser. Falar de gênero nas escolas é garantir que todos e todas sejam respeitados e respeitadas por suas escolhas, condições e afetos.
Entre a população LGBTI o não acesso à escola e a evasão escolar (ou melhor, e expulsão da escola!) é uma situação gravíssima porque, além de sofrerem discriminação e violência nas ruas e muitas vezes na família, são alvo de violência dentro das escolas.
Mas nós resistiremos e não nos cansaremos de repeti-lo, pois acreditamos que o espaço escolar deve promover a igualdade. Se há razão em dizer que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher, também diremos que ninguém nasce homofóbico, transfóbico ou agressor de mulheres.
A ONG Freedom Búzios irá se unir com movimentos sociais da cidade e tomar providências.
por Fernando Bertozzi
Presidente da ONG Freedom Búzios
Texto de opinião. Não corresponde necessária mente a opinião do Prensa.