Gosto de assistir uns filmes e nas conversas com Romulo Lima, do Coletivo Ónix, fizemos uma lista informal sobre bons filmes que vimos por entre 2018 e 2019. A brincadeira rendeu e já que a proposta é mostrar produções que escapam aos nossos olhos e percepções, vou compartilhar um pouco da nossa lista informal e sem pretensões além. Vamos lá:
1- The Wound (Inxeba) – África do Sul (2017)
A história gira em torno de uma tradição da tribo Xhosa, de iniciação a vida adulta de jovens, com ênfase a masculinidade, a virilidade. Entre os iniciados e os instrutores dessa caminhada, temos um relacionamento amoroso entre dois instrutores, um com o arquétipo viril bem destacado e o outro, nem tanto. É um relacionamento as escondidas, porque a tradição Xhosa não aceita a troca homoafetiva de maneira alguma e aí temos o embate tradição x transgressão de maneira trágica até porque um dos iniciados saca o romance as escondidas e ameaça contar tudo.
Bom filme para o momento de discussão sobre masculinidades.
Dirigido por John Trengove.
2- Sorry to Bother You – EUA (2018)
O filme gira em torno de um personagem em busca de um emprego numa empresa de telemarketing e para se ter sucesso e subir degraus no emprego, tem que se ter uma voz apresentável, uma voz de branco. Sem contar a atmosfera distópica e com ótimos coadjuvantes, vemos o protagonista Cassius Green lidando com ascensão, direitos trabalhistas e experimentos científicos bizarros, tudo em função do lucro e exploração dos patrões ou do patrão específico que a história apresenta.
Tessa Tompson arrasa!
Dirigido por Boots Riley, estreante na direção de um longa. Ele também é rapper do grupo “The Coup”
3- Clímax – França (2019)
Um grupo de bailarinos num espaço, anos 90, ensaiando uma apresentação e depois do ensaio resolvem fazer uma festinha. Só que tinha uma sangria “batizada” com uma quantidade desconhecida de LSD e aí temos da epifania ao inferno, com os personagens nos trazendo várias faces do que é o humano, algumas faces bem desagradáveis.
Último filme do diretor Gaspar Noé e o elenco de maioria absoluta de bailarinos. Destaque para a fotografia e as sequências de plano sequência, algo que realmente mexe com nossa percepção.
Porrada cara!!!
*Fabio Emecê é Mc, poeta, professor e gosta de cinema