“Eu fui pego por piratas e jogado no porão. Só não morri no mar porque a mão do Todo Poderoso me salvou”, assim começa Redemption Song de Bob Marley, e ele segue cheio de poesia fazendo relação do passado escravocrata da América caribenha com a situação de miséria e opressão da Jamaica e arredores. O Reggae nasceu nos anos 60 na Jamaica e foi alçado a ritmo mundial na década de 80 por Marley. Mas engana-se quem, “santa ignorância”, veja o reggae como uma canção pra relaxar. É marca profunda desse estilo musical e cultural a discussão social, em especial contra o racismo.
Foram canções como essa de Bob Marley, mas também de Peter-Tosh, U-Roy e Gregory Isaacs que convenceram a Unesco a declarar o ritmo jamaicano como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
O estilo musical foi considerado um instrumento de denúncia e resistência. “ A sua contribuição à reflexão internacional sobre questões como injustiça, resistência, amor e condição humana destacam a força intelectual, sociopolítica, espiritual e sensual deste elemento do patrimônio cultural”, explicou a organização em comunicado.
Para a Unesco, o reggae “conserva intacta toda uma série de funções sociais básicas de música – veículos de opiniões sociais, prática catártica e religiosa – e continua sendo um meio de expressão cultural do conjunto da população jamaicana”.
Se o século 20 foi marcado pela emblemática Get Up, Stand Up, em que Bob diz: “Se levante , resista. Lute pelos seus direitos!”, nesse momento de retração social, e crescimento do fascismo no mundo, o reggae- mistura de antigos ritmos jamaicanos, caribenhos, latinos e norte americanos, ainda tem muito a contribuir, pois “não se pode enganar a todos o tempo todo”.
Mais reggae e menos autoritarismo.