A torcida pressionou, a diretoria colaborou e Abel Braga não é mais técnico do Flamengo. A torcida diz que ele é tricolor, a diretoria afirma que é desobediente. E eu, através de minha crônica exclamo: como deve ser difícil treinar o Flamengo! É preciso agradar gregos e troianos, vencer, jogar bem, guardar num bolso bem fundo, e de preferência fechado, todas as suas opiniões, e sequer áudio de whatzap pode ser gravado, porque na Gávea tudo vaza e qualquer fagulha se transforma em fogueira, nesse caso, onde queimam os técnicos.
Agora os cartolas rubro-negros seguem em busca de um novo condutor que guie o elenco até os tão sonhados títulos. E assim, através de um comportamento incutido pela nova politicália de futebol do clube, – haja vista seu presidente Rodolfo Landim chefiar a delegação brasileira na Copa América que está às vésperas de começar – já sondaram o técnico Sampaoli. Porém ele está lá no Santos, desde o início da temporada, fazendo seu trabalho (…), não querem nem saber. Foram atrás do Jorge Jesus, um português multicampeão de um potente campeonato onde figuram equipes como Chaves, Moreirense, Feirense… E o cara quer salário de R$ 1,5 milhão!
No meu ponto de vista, o clube deve investir em um treinador com cara ainda ignorada, mas com conhecimento futebolístico. É o caso de Eduardo Coudet, técnico do Racing ou Sebastían Beccacece, técnico do Defensia y Justicia, que foi auxiliar de Sampaoli. Ambos são argentinos (há algum tempo uma escola de técnicos surpreendente que o Brasil ignora), são jovens e com enorme vontade de vencer no futebol moderno.
É desse tipo, com um olhar para adiante e cheio de gana, que o Flamengo precisa. Mas enquanto isso a diretoria quer os figurões. O problema é que os figurões fazem muita propaganda política e pouco futebol.
*Rafael Alvarenga é professor de filosofia e apaixonado por esportes