O pré-candidato do PCdoB ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, Leonardo Giordano, nesta entrevista retoma suas afirmações de que se governador do estado dará ênfase nas questões do emprego e a retomada do desenvolvimento do Rio. Mas também afirmou que irá desmontar o que chamou de “a caixa preta” do monopólio do transporte público no estado, o que considera uma máfia.
Também respondeu às perguntas sobre uma possível frente única de esquerda no Rio de Janeiro para quebrar a hegemonia do MDB no estado. Também explica sobre os rumores de uma aliança com O PDT. Ressaltou sua experiência no setor púbico e garantiu que tem um projeto de governo que contempla as necessidades especiais do interior.
Giordano, a exemplo da pré-candidata do partido para a presidência Manuela D’Avila, mesmo sendo jovem, já é um quadro experiente do PCdoB, que hoje assiste uma significativa renovação do partido, com entrada de novos filiados, muitos deles jovens vindos de diferentes frentes de atuação.
Acredita numa retomada de consciência social e política por meio da união entre a história do PCdoB e a vivacidade vinda dos novos quadros; entre eles cita o crescimento nos municípios, onde afirma acompanhar de perto as movimentações e pré-candidaturas que estão surgindo.
Por fim lembra os grandes pivôs da atual situação catastrófica na qual se encontra o Rio de Janeiro, que são os cabeças do MDB: Cabral, Pezão e outros. Confiram a entrevista.
Você é um político jovem em relação à faixa etária dos que já assumiram o cargo de governador do estado, é um desafio?
Ser um candidato jovem que pretende a renovação da política e enfrentar os problemas de uma maneira diferente é um desafio importante, mas que me deixa muito animado. O pior que pode acontecer para o estado do Rio de Janeiro é a eleição de um dos medalhões da política. Eu penso que nessas eleições a população está cansada dos velhos personagens e das velhas práticas.
O PCdoB é o partido mais antigo do país, e hoje começa a retomar a militância jovem dentro dele. Acredita que quadros como você e também a pré-candidata à presidência Manuela D’Avila colaboram com isso?
Tanto eu quanto a Manuela representamos a tradição do Partido Comunista do Brasil com seus 96 anos, mas também representamos uma renovação etária/geracional dentro do partido. Tenho orgulho ter uma companheira como ela nessas eleições. Nós vamos fazer uma campanha muito animada e com garra da Manuela aqui no Rio de Janeiro, porque ela também representa essa mudança para a política brasileira. Nós desejamos que a nossa pré-candidatura ao governo do estado também signifique essa transformação.
Sua atuação hoje é mais direta em Niterói, mas você é natural de São Fidelis. Tem um plano de governo especifico para as necessidades do interior do estado?
O interior do estado ficou abandonado nessas últimas gestões de Sérgio Cabral e Pezão. Nós queremos dar uma atenção muito especial ao interior e o fato do PCdoB estar lançando um pré-candidato que não é da capital simboliza isso. Queremos desenvolver as vocações potenciais das regiões do estado, com olhar atento a cada uma delas. Por exemplo: o Norte Fluminense tem vocação para a produção da pequena agricultura familiar que nós queremos olhar com atenção. E assim sucessivamente em cada uma das regiões. O interior do estado também sofreu muito com a migração de criminosos, a falta de investimento e a ausência de emprego. A nossa pré-candidatura quer dar atenção especial para o desenvolvimento do Rio de Janeiro que tem a região metropolitana mais assimétrica do país. Queremos valorizar o interior do estado, desenvolvendo suas potencialidades.
Acompanha os quadros do PCdoB nos municípios do interior?
Eu tenho uma relação muito fraterna com vários quadros do interior do estado do Rio que são do PCdoB e acompanho com atenção, sempre que possível, as propostas e movimentações do partido nos municípios. Tenho me relacionado com uma chapa de pré-candidatos a deputados estaduais de mais de 100 candidatos, muitos deles do interior do estado, que têm trabalhos concretos e relevantes. Tenho viajado muito. Já fui a Campos, Volta Redonda, Petrópolis, Resende, Maricá, São Gonçalo, entre outras cidades, indo visitar todas elas pessoalmente nessa pré-campanha.
Como vereador você é recordista de leis aprovadas. É a prova que, sendo um político com um posicionamento ideológico mesmo no ambiente legislativo, onde se precisa conseguir apoio colegiado, é possível avançar com a pauta progressista?
A população quer uma política que traga resultados concretos, que transforme e que mude a sua realidade. Eu tenho muito orgulho de ter aprovado, em Niterói, 53 projetos que agora são leis em vigor, dentre elas a lei que garante isenção da taxa de concurso público para todos os desempregados da cidade, a lei do artista de rua, a que regulamenta as cooperativas de catadores de óleo, a que regulariza o comércio ambulante noturno, e muitas outras. Eu acredito que o fazer político só tem sentido quando se tem vitórias concretas para apresentar para a população. O fato de ser um político ideológico, de ser vinculado ao meu partido e ter muito orgulho dele, só me ajuda na hora de elaborar propostas que possam ser aplicadas concretamente sobre a realidade, transformando as situações que a gente denuncia que são erradas.
Entre as suas bandeiras está o fim da dupla função do motorista no ônibus do estado. O monopólio do transporte público é uma das principais mazelas do interior do estado que deixa a população refém de altos preços das passagens em serviços deficientes. O que podemos esperar de você nesse sentido no governo do estado?
Eu vou desmontar essa caixa preta dos transportes e vou atacar frontalmente essas máfias que estão dirigindo os transportes públicos. É praticamente semipúblico que no estado do Rio de Janeiro ônibus e barcas são controlados por grupos econômicos que não têm nenhum compromisso com a população. É necessário um governador que não só fale isso, mas que aja de forma dura quando chegar ao governo, cobrando a execução dos contratos, fazendo com que as agências reguladoras deixem de passar a mão na cabeça, como é o caso da Agetransp, que regula as barcas, e dando soluções para o transporte que ajudem, de fato, a vida da população. Eu vou reexaminar os contratos e se houverem distorções e coisas erradas, quero aqui deixar claro o compromisso de inclusive caçar concessões onde haja descumprimento das regras estabelecidas. A dupla função é um exemplo de retrocesso na era dos transportes. É uma exploração dos trabalhadores motoristas e atrapalha muito a vida da população, porque aumenta o tempo de viagem. A gente quer atacar esse tipo de problema com medidas firmes que possam ser entendidas por toda a população como um governo que defende o povo.
O lema “Unidade para se reconstruir o Brasil” também pode se aplicar ao Rio de janeiro? De que maneira?
O Rio de Janeiro ficou submetido a um verdadeiro desgoverno e nós corremos o risco de ver ser eleito o príncipe herdeiro de Sérgio Cabral, que é o Eduardo Paes, para chegar lá e dar seguimento a tudo o que o Pezão vem fazendo. Nós precisamos romper com esse ciclo, mudar de fato a política e mudar a governança do estado do Rio. Por isso, a nossa pré-candidatura convida as forças de oposição, progressistas, como PT, PSB, PDT e PSOL para nos juntarmos em uma grande frente para derrotar esse pessoal. O que está em jogo são o povo do estado do Rio de Janeiro e o futuro do nosso estado.
Como está o quadro de apoios de outros partidos a sua pré-candidatura? O rumor de um possível apoio do PDT procede?
O PDT e o PCdoB mantiveram as suas pré-candidaturas, mas já avançamos para a construção de um programa comum pro Rio. Nós queremos convidar outros partidos, forças políticas, grupos sociais e lideranças que estejam realmente preocupadas com o Rio de Janeiro para construirmos uma união de forças que tire o estado da mão do velho PMDB. Mesmo que o Eduardo Paes esteja escondido em outro partido agora, todos nós sabemos o que ele representa: a continuidade. É importante que as forças progressistas se apresentem unidas nessas eleições para irmos para o segundo turno e quebrarmos essa hegemonia do PMDB no estado, que, aliás, já vai ser quebrada tardiamente.