Candidatos de Búzios e Macaé apostam em propostas de moedas sociais e transferência de renda para recuperação da economia
Em 2020, a economia do país, e consequentemente dos municípios foi afetada pelos reflexos da pandemia do Covid-19, o que prejudicou, principalmente, as camadas mais pobres da população. Como estratégia de impulsionar o poder de compra, as propostas de moedas sociais e transferências de renda ganham cada vez mais destaque como solução para oferecer uma melhor distribuição de renda.
Maricá é um dos municípios que utiliza a ferramenta como forma de democratização da renda e recuperação da economia. Outras cidades, como Macaé e Búzios, fazem debates sobre a implantação da ideia.
Com o aumento do dólar e desvalorização do real, o poder de compra da população se tornou um desafio. A nova forma de comprar não substitui a moeda oficial do Brasil, que é o Real, mas permite que o dinheiro circule dentro de uma comunidade específica, contribuindo para que a riqueza gerada em uma comunidade seja reinvestida no local.
Um dos marcos nas campanhas eleitorais de Búzios foram os projetos de transferência de renda. O candidato à prefeitura, Leandro Alex (PDT), trouxe para a proposta de governo o programa “Avança Búzios” como um plano emergencial de recuperação da economia em meio à pandemia.
De acordo com a assessoria do candidato, o programa será pautado em três pilares. O primeiro, é oferecer, por meio de um cadastro das famílias, uma renda mínima de R$300 para a população, durante um período de 12 meses. As mulheres que são chefes de família receberiam o dobro do valor.
O segundo pilar seria oferecer meios de profissionalizar estas pessoas cadastradas para qualificá-las para o mercado de trabalho. Segundo o plano de governo, o objetivo é fazer parcerias com empresas do comércio local para que estas pessoas tenham a oportunidade de trabalhar.
Já a terceira estratégia é oferecer um microcrédito no valor entre R$10 a R$30 mil para os empreendedores locais. O projeto visa proteger a economia local, uma vez que o dinheiro oferecido iria circular, exclusivamente dentro do município.
MACAÉ
Em Macaé, o candidato à prefeitura, Igor Sardinha (PT), traz um projeto semelhante. A proposta do candidato é adaptar um modelo de moeda social utilizado em Maricá, que se mostra muito bem sucedido, a Mumbuca. A intenção é criar uma moeda circule dentro da cidade.
Os dados recentes do governo federal mostram a situação do município, quanto à desigualdade social. Segundo informações do Cecad, ferramenta do governo que permite a consulta, seleção e extração de informações do CadÚnico, 13,71% dos moradores de Macaé recebem até R$89 por mês, aproximadamente 12.742 famílias. Os números mostram que 35.099 pessoas vivem nessas condições, sendo que 7.480 dessas pessoas não recebem o benefício do Programa Bolsa Família.
De acordo com a distribuição de renda do país, esse valor é considerado pelos órgãos governamentais como a parcela da população que vive em extrema pobreza, sendo a renda per capita de 0 a R$89,00.
A possibilidade da aplicação do projeto em Macaé, que mesmo sendo uma cidade com grande riqueza per capita, apresenta um alto nível de desigualdade social, se torna uma chance de melhora financeira, principalmente para famílias das comunidades carentes e áreas rurais.
MUMBUCA
Em Maricá, a ‘Mumbuca’, em homenagem ao nome do rio que corta vários bairros da cidade, é bastante aceita. A moeda social foi criada em 2013, no governo de Washington Quaquá e foi continuada pelo atual prefeito Fabiano Horta. Ela inicialmente surgiu para o pagamento de um benefício de renda mínima pela prefeitura de Maricá. Porém, na pandemia o projeto se expandiu, e o auxílio para 23 mil desses moradores foi ampliado para 1.045 mumbucas (equivalentes a um salário mínimo), o que ajudou a socorrer quem ficou sem trabalhar na crise e foi uma medida econômica importante.
Outros estados do Brasil também já utilizam projetos como estes, como é o caso da Palma, a primeira moeda social criada no país. A moeda foi criada pela própria comunidade do Conjunto Palmeiras, localizado no sul de Fortaleza, Ceará, em 1998.