Lodo de esgoto adequadamente tratado tem sido um componente fundamental para o crescimento de plantas como a aroeira e pitanga, é o que mostra a pesquisa científica de estudantes de engenharia da Universidade Veiga de Almeida, Campus Cabo Frio, e o Projeto Imersão em parceria com a Prolagos, Concessionária que incentiva à pesquisa na Região dos Lagos do Rio. O experimento em andamento há um ano traz resultados satisfatórios ao considerar o uso de substratos de cana de açúcar, fibra de coco, terra e lodo de esgoto da Estação de Tratamento de Esgoto de São Pedro da Aldeia (ETE/SPA), este último encarado agora como fonte de recursos ao invés de resíduos.
A partir do tratamento de água e esgoto, o lodo produzido em larga escala é descartado no aterro sanitário. Ele é composto de matéria orgânica e também areia devido à região de praias e lagoas onde a pesquisa está sendo realizada. De acordo com a Prolagos, nas cinco cidades atendidas pela empresa 80% do esgoto produzido é coletado e 100% é tratado nas ETE’s. Cerca de 500 toneladas de lodo desidratado são produzidas por mês nas Estações de Tratamento de Esgoto, sendo em São Pedro da Aldeia, aproximadamente 120 toneladas/mês. Para disposição em aterro sanitário o custo é de R$124 por tonelada. O transporte desse material, da ETE até o aterro é realizado por meio de caminhão.
O biosólido é reutilizado com o bagaço da cana de açúcar triturado, lodo seco misturado com o solo da planta nativa escolhida. A estudante Maria Clara Pimenta, que faz parte do estudo, compartilhou o processo da pesquisa científica. “O lodo é retirado na ETE mensalmente e levado para o laboratório da universidade, depois de seco na estufa, triturado, uma porcentagem do farelo é colocado com um substrato em mudas e então são feitos os testes”, explica a estudante. Essa é uma forma de buscar meios mais sustentáveis de reaproveitar esses elementos como adubo, por exemplo. Para a Concessionária de Água e Esgoto, o reaproveitamento do lodo vai possibilitar a promoção de uma operação mais sustentável, permitindo transformar um passivo ambiental de alto impacto, que é o lodo das estações de tratamento de esgoto, em benefícios para a natureza e sociedade.
O experimento passa por quatro tratamentos de análise. A amostragem com a muda de pitanga é feita com (1) terra; (2) lodo e terra; (3) terra, lodo e cana de açúcar; (4) lodo, terra e fibra de coco. Os resultados destacam o experimento dois com uma melhor eficácia, porém, se utilizado menor porcentagem de lodo, e o quatro com resultado negativo, uma vez que o crescimento foi impedido devido a retenção de água. O experimento será repetido mais vezes, segundo Maria Clara. “Começou com a aroeira há um ano e pitanga neste, pesquisa leva tempo porque tem que analisar a diferença de cada espécie e tipo de solo, ainda serão feitas diversas análises para observação”, afirma. Fazem parte da pesquisa científica da utilização do lodo de esgoto com mudas nativas a professora responsável Flávia Targa e os alunos Yan Chan e Maria Clara Pimenta. Confira o vídeo abaixo: