Segundo a Anvisa, de 26 de dezembro a 3 de janeiro, foram 798 casos confirmados, 25 vezes maior que nos primeiros 55 dias da retomada da atividade
A retomada dos cruzeiros marítimos era esperança para movimentar a economia, principalmente dos municípios que tradicionalmente recebem escalas como Búzios e Cabo Frio, por exemplo. Mas, diante de uma pandemia em curso, o desafio é manter um grande número de pessoas juntas sem contaminação. A discussão que merece destaque é o que mudou dentro dos protocolos sanitários dos navios dos 55 primeiros dias em diante, porque foi nesse período que os números aumentaram em 25 vezes, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Será que houve algum relaxamento das medidas de segrança?
De acordo com a Anvisa, nos últimos nove dias, de 26 de dezembro a 3 de janeiro, foram 798 casos confirmados, dentre os quais 60% eram tripulantes, número 25 vezes maior que nos primeiros 55 dias de temporada, de 1º de novembro a até 25 de dezembro, quando foram diagnosticados 31 casos entre tripulantes e passageiros das cinco embarcações que operam no país.
Fato é que algo foi mudado dentro dos protocolos sanitários para que a transmissão aumentasse. Mesmo as empresas negando qualquer mudança e garantindo investigação, não houve jeito e a suspensão provisória, até 21 de janeiro de 2022, foi necessária. É a oportunidade de reavaliação para que a viagem dos sonhos dos hóspedes não termine como um pesadelo.
O anúncio da suspensão foi feito pela CLIA Brasil, Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros, na segunda-feira (3). Em Búzios, o próximo navio estava previsto para esta quarta-feira (5). A cidade chegou a receber dois navios com passageiros e tripulação contaminados, o MSC Prezioas, que parou na cidade no sábado (1°), após passar o Réveillon em Copacabana; e MSC Splendida, no dia 25 de dezembro.
A suspensão ocorre com efeito imediato para novas partidas e nenhum hóspede será embarcado até o dia 21 de janeiro. Os cruzeiros atuais vão finalizar os seus itinerários conforme planejados.
Revisão dos protocolos
Durante esta pausa, a CLIA, em nome das companhias de cruzeiros que operam no país – MSC Cruzeiros e Costa Cruzeiros – disse que vai trabalhar para buscar alinhamento com as autoridades do governo federal, Anvisa, estados e municípios nos destinos que operamos em relação às interpretações e aplicações dos protocolos operacionais de saúde e segurança que haviam sido aprovados no início da atual temporada, no mês de novembro.
Na segunda-feira (3), os secretários de Turismo, Dom de Búzios, de Saúde, Leônidas Heringer e de Segurança e Ordem Pública, Sérgio Ferreira estiveram reunidos com a Clia Brasil e a Anvisa para tratar da suspensão das operações de navios.