Dois ‘eus’ habitam em minh’alma.
Por Luciano Moojen
Um é o capitalista, que não gosta de perder dinheiro. O outro e um boêmio que gosta de poesia. Rodas de MPB, Chorinhos… Não vive sem escrever…
Tem noites que acordamos na madruga. A lucidez vem com muita força. Dando até esporro em nossas atitudes.
Vejam o que fiz…
Contratei dois caras para construir uma loja. Choveu dois dias. A obra parou. Paguei as diárias. Contudo, os caras colocaram trinta sacos de cimento embaixo da terra. Em dez dias. Façam as contas. Mil e quinhentos quilos de cimento. Mais nove toneladas de areia e pedras brita. Cortaram ferros… Isto no alicerce. Trabalharam como escravos! No trato verbal, não estava incluído refeições. Os caras traziam de casa vasilhas plásticas com arroz, feijão e embutidos baratos.
E numa tarde – vejam a canalhice de minha parte – perguntei para o ajudante: “Será que esta árvore vai cair? Tem quase meia hora que vc esta escorando ela”. O cara estava descansando seu sofrido corpo.
Consciência doeu legal. Resolvi comprar duas sextas básicas. Ofertar como gratidão. O cigano que vende de porta em porta, pediu-me trezentos contos em cada uma. Não comprei. Achei caro. Fui ao mercado. Já meio biritado. Peguei dois carrinhos e só botei coisas boas. O segurança perseguindo minha pessoa… Mandei: “Qual é cumpadi??? Alguma coisa errada?”. O sujeito falou que só queria ajudar. Afirmou que nunca viu alguém manobrando dois carrinhos no mercado.
Em fim, paguei duzentos e oitenta mirréis em dois agrados de meu gosto. Fui procurá-los. Dei o mimo. Ficaram felizes. Fomos beber cervejas em pé sujo da pior qualidade. Jogamos sinuca.
Minha consciência ficou um pouquinho mais tranquila.
Quanto ao papo de direita; hoje em dia sou sim. Fora Temer é o karáleo. O cara é fantoche. Marionete. Manda em nada. Obedece. Não lembro se foi em Nicarágua, Panamá… Numa porrada só, sumiram com quase três mil intelectuais. Jornalistas, políticos, estudantes, músicos. Por serem contra este sistema. Nem um fio de cabelo foi ‘achado’. Desta gente que era de ‘esquerda’. Portanto, neutro não dá para ficar. Em 1964, meu pai – jornalista – foi demitido, preso e torturado. Por “crime de opinião”. Foi capado. Isto mesmo. Arrancaram seus ovos, bagos… Paradoxo???
Em tempo: Existe grande lacuna aberta na imprensa da nossa Costa do Sol, antiga Região dos Lagos. Que será bem preenchida pela PRENSA DE BABEL. Jornalismo sério, criativo, debochado. Irreverência é tudo!!! Parabéns Victor Viana. Por fundamental iniciativa.