Sara Wagner York pro Prensa de Babel
Enquanto mulher trans, sempre me pergunto o que é tão folclórico e fantasioso, além de não ofensivo em vermos homens cis heteros, vestidos de mulher? É o fato de se vestirem com algo que julgam menor (por isso é opressão) e digno de piada. Sabe quando mulheres, usam roupas infantis ou de domestica, para fazer cena pros seus parceiros em suas práticas sexuais? Pense por si…
Sara, eu não posso fetichizar? Criar fantasias, numa brincadeira com meu parceiro nessa casamento, água com açúcar que estou?
Pode, sim! Mas saiba que, ceder aos apelos breves, aos desejos primários é assinar uma carta de retorno àquele ponto, que sempre vai te pedir mais, para que se sinta realizado. Por isso é mais fácil vender sexo, que obra de arte, um alimenta seu desejo imediatamente, e outro, te induz a buscar formas análogas, ou não do seu eu, consequentemente, perceber a forma com esse desejo se elabora. You’re your master piece, baby!
Mas voltando ao Nego, vemos que se trata de alguém que sempre traz um apelo sexual raso, seja quando mostrou o pênis de um de seus interlocutores em um vídeo, como se dele fosse, seja na tentativa de lucrar com Pink money.
No vídeo, ele vestido de mulher, o que poderia ser uma tentativa drag, se faz em esteriótipos, ou você já viu pessoas trans, andando daquela forma? Os passos são um esteriótipo do sensível e os gritos, um esteriótipo do “viado” como agente da piada.
O mundo LGBTQIA, oprimido, ridicularizado e apelativo. Poderíamos mudar isso, como? Sim, quando Nego, fizer papel de Nego e incluir em seus vídeos e protagonistas pessoas trans. Ele fazendo transfake é inadimissível, por ser um homem cujo a validação de suas piadas humilhantes, já se estruturaram de forma tão naturalizada, que nos faz pensar se isso, não seria apenas uma brincadeira. Mas não, não é!
Se quisesse realmente imergir nesse mercado, ele seria o sujeito gay branco padrãozinho e a “Nega do Boreal” seria uma travesti real.
Tentar ser quem não se é, e usar isso como chacota e ridicularização sobre pessoas gays e trans. Em minha sala de aula, preciso pensar pra responder questões simples do dia a dia. Alunxs me perguntam se sou operada, e penso, eles perguntaram também pro professor de matemática se ele fez cirurgia de “fimose”? Certamente que não, o Nego, faz isso, ele autoriza meus alunos a me lerem de forma jocosa e os faz pensar que eu sou aquela possibilidade (in)acabada de ser humano. Nego faz um vídeo, e autoriza a brincadeira com,
Japonês do pau pequeno,
Preto bandido,
novinha que merece ser estuprada,
português da Padaria,
italiano que faz massa,
travesti de programa,
crente do rabo quente,
mulata tipo exportação, e por aí vai…
ME SOLTA PORRA, é mais uma daquelas “músicas” que para alegrar meia dúzia, ridiculariza um grupo de pessoas que já tanto sofre nas mãos dos mesmos, que o trata como cidadão de segunda classe.
Sara Wagner York pro Prensa de Babel
#pinkmoney #negodoborel #transfake