Os petroleiros da Bacia de Campos não estão nada satisfeitos com os transtornos logísticos que vêm enfrentando nos últimos meses, com relação ao transporte de helicóptero para plataformas e hospedagens. A categoria reclama de problemas de manutenção e também na redução do efetivo de pessoal e de aeronaves. A situação tem ocasionado atrasos nos voos, mesmo em condições climáticas favoráveis.
O auge da “crise aérea” foi registrado na última segunda-feira (16), quando uma aeronave modelo AW-139, a serviço da Petrobras, retornava da Plataforma PNA-1, com destino ao Farol de São Tomé e teve os flutuares acionados involuntariamente durante o voo. Segundo o relato do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), naquele momento, uma janela foi ejetada, ferindo dois trabalhadores sem gravidade.
O incidente levou a diretoria da entidade a gravar um vídeo para cobrar uma solução para a questão. Para o coordenador do Sindicato, Tezeu Bezerra, a guerra da Ucrânia comprometeu ainda mais a situação, porque a maior parte das peças usadas na manutenção dessas aeronaves vem daquela região do Leste Europeu.
De acordo com o Sindipetro, a Petrobras informou que abriu uma licitação na semana passada, sem sucesso, para contratação de novas aeronaves e que uma nova licitação será aberta nesta semana, visando encontrar uma solução para o problema. Enquanto isso não acontece, medidas mais drásticas não são descartadas pela entidade de representação dos petroleiros que acusam a direção da empresa de precarizar o serviço à custa de repasse de lucros para acionistas.
“Nós temos cobrado muito porque a Petrobras, na gestão bolsonarista, decidiu distribuir R$ 180 bilhões [para acionistas] nos últimos nove meses, onde teve fechamento de balanço em 2022, e isso é um absurdo. Porque isso é um desrespeito com os trabalhadores, atrasa voos e gasta muito dinheiro com acionistas que nada fazem para produzir essa riqueza da nossa Petrobras. Nós vamos seguir firmes e vigilantes. Caso não melhorar esse caos aéreo nós estamos dispostos a fazer uma mobilização e entrar em greve por respeito e melhores condições de trabalho”, disparou Tezeu.
Um grupo de trabalho foi formado para debater os problemas logísticos na região, da qual o Sindicato faz parte desde dezembro. Nesta quinta-feira (19), a entidade orientou os trabalhadores a denunciarem os atrasos nos voos e outros problemas.
“Dentre as atribuições dos integrantes do GT está o levantamento dos principais impactos que ocorreram e as sugestões para que estes problemas não se repitam. É muito importante que os trabalhadores próprios e terceirizados enviem os problemas de logística identificados e nos enviem as ideias que possam solucionar os problemas ou necessidades de melhoria”, destacou o coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira.
Procurada, a Petrobras não se manifestou sobre as denúncias feitas pela categoria. Sobre o problema ocorrido com a aeronave na última segunda, o setor de Comunicação da estatal informou que a tripulação “atuou conforme preconizado para situações dessa natureza, garantindo o retorno em segurança ao aeroporto”.
Segundo a empresa, a autoridade aeronáutica já foi comunicada e prosseguirá com a avaliação do ocorrido.