Por *Fábio Emecê
Estive em Macaé, no dia 24 de novembro, conversando com uma galera sobre o Extermínio da Juventude Negra, trocando experiências com a Marianna Lopes e o André Ramiro. O bate papo rolou na ocupação da Cidade Universitária. Ocupação por conta da PEC 55.
Uma galera empolgada e disposta a participar e ouvir o que tinha a ser dito. Muitas pretas e pretos universitários. Pretas e pretos de coletivos novos, não tão novos e disposições em querer achar aquilo que nos convém, aquilo que nos assola e aquilo que precisamos superar.
Marianna Lopes é da União Estadual dos Estudantes, estudante de direito e mulher preta. Sua fala empolga e as minas pretas que tão ali em posições de destaque, na ocupação, nos coletivos e na docência se sentem representadas. Que bom!
André Ramiro é um cara preto de favela que virou ator, com uma certa visibilidade e consegue se manter em um espaço racista e excludente que é o audiovisual brasileiro. A presença dele por si só, já é inspiradora pra vários e várias que acreditam que arte cênica é um caminho viável e válido. A imagem como patrimônio e o corpo sendo arma pra romper com a opressão.
Acredito que além do corpo físico sendo eliminado cotidianamente, pelas balas da Segurança Pública, formalmente e criminalmente, temos que lutar para preservar nosso lado sensível, nossa psiquê, nossa vontade de potência. Sair da neurose de se adequar ao Mundo Branco e negar aquilo que nós vemos no espelho todos os dias.
Além de luta de classes, além de teorias de modelos que não pensaram a gente como pessoas plenas de fato, o nosso aprendizado é sermos pessoas plenas de fato e a naturalização da violência dos nossos corpos deixar ser natural, se tornar absurdo e aprendermos a eliminar o absurdo.
Precisamos de mais de 5 professoras pretas em nosso período escolar, precisamos de mais artistas pretos, mais advogadas pretas, mais engenheiros pretos, mais a porra toda preta. Se os espaços simbólicos de referência não reconhecer a gente, as balas e as prisões continuarão reconhecendo.
Enfim, que as andanças continuem e menção máxima a Carolina Passos e Marcel Silvano pela proposição do evento.
Vamo que vamo que é porrada na moleira…
*Fábio é professor de literartura, rapper, e um dos principais ativista da causa antirracista no interior fluminense