Dirigida por Adriana L. Dutra e Malu de Martino, a série documental “Transgente”, estreia no Canal Brasil no dia 17/6, segunda-feira, às 21h – os dois primeiros episódios estarão disponíveis no Canal Brasil Play, a partir de 15/6, também para não assinantes durante um mês. A série mostra, em seis episódios o cotidiano de seis transgêneros brasileiros, visitando lugares e entrevistando pessoas marcantes em suas vidas.
Paula Beatriz, a primeira mulher trans a ocupar o cargo de diretora em uma escola de ensino público do Brasil, abre a temporada e conta como exteriorizou sua identidade somente aos 37 anos. “Eu não posso negar que um dia eu me apresentei para a sociedade enquanto gay. E aí eu me justifico: por que eu me apresentava como gay? Porque era massacrante. Eu era julgada, eu era obrigada. E é aí onde precisa de uma apoio para que essa pessoa possa realmente se solidificar naquele caminho que ela quer realmente seguir e não ser negado. Então somente aos 37 anos que eu falei ‘eu sou Paula’, que eu exteriorizei a Paula”, conta.
O músico Vitor Alexandre chega em seguida para mostrar como superou o bullying e o ódio ao seu corpo. Alexya, a primeira reverenda transgênero da América Latina, narra sua luta pelo direito de ser mãe. Johi revela como superou a depressão por não se reconhecer como feminina. João Henrique faz uma reflexão sobre as questões de gênero e sobre a falta de comoção pelo sangue LGBTQI. No último episódio, Lucas, representante Queer – não segue o modelo binário heteronormativo – manifesta sua carne como instrumento de resistência. Além disso, todos os episódios contam com o depoimento de João W. Nery, primeiro homem trans do país – ele realizou a cirurgia de redesignação de sexo em 1977 –, trazendo comentários didáticos e uma rica contribuição para as narrativas através de sua experiência precursora.
A atração apresenta uma reflexão necessária para a nação que mais assassina travestis e transexuais no mundo, segundo estudo publicado em 2016 pela ONG europeia Transgender Europe (TGEu), e reforça a coragem para transcender em uma sociedade que marca as pessoas pelo corpo.