Sequestro do voo 375 ficou conhecido em todo o país. O comandante Murilo, que salvou a tripulação, era morador de Búzios
No mês de setembro, o sequestro do voo 375 da VASP completa 32 anos. O caso, que repercutiu em todo o país, deu o título de herói ao Comandante Fernando Murilo de Lima e Silva, morador de Armação dos Búzios.
Na quarta-feira (26), a morte do Comandante Murilo foi anunciada nas redes sociais, pelo amigo pessoal, Ivan Sant’Anna, autor do livro “Caixa Preta”, que relata todo o ocorrido. De acordo com Ivan, o motivo foi insuficiência respiratória agravada pelo Covid-19.
Murilo ficou conhecido como herói após ter se arriscado no sequestro do voo da VASP. O comandante, além de negociar com o sequestrador, realizou manobras no avião, no intuito de desequilibrar o sequestrador.
Entenda o caso:
No dia 29 de setembro de 1988, o voo da VASP 375, iria sair de Porto Velho para o Rio de Janeiro com escalas em Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. O avião era um Boeing 737-300.
Quando o avião voava entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro, um passageiro, identificado mais tarde como Raimundo Nonato Alves da Conceição, levantou e ameaçou a tripulação com uma arma.
Segundo relatos, o sequestrador se dirigiu à cabine e matou o copiloto com um tiro na nuca, baleou outros dois tripulantes e ordenou que o comandante Murilo desviasse a aeronave para Brasília.
De acordo com Ivan, o passageiro, estaria com raiva da política econômica brasileira, e buscava vingança. O intuito era sequestrar o avião e jogá-lo contra o Palácio do Planalto, no local onde fica o gabinete do Presidente, que na época era José Sarney.
Murilo, além de tentar negociar com o sequestrador, realizou uma manobra conhecida como tunneau, quando a aeronave gira sobre seu eixo, chegando a ficar de cabeça para baixo, para desequilibrar o homem. Mais tarde, acompanhado por um caça Mirage e próximo ao planalto central, o comandante realizou outra manobra arriscada, uma descida em parafuso visando descer rapidamente de 9.000 pés até uma altitude pousar em Goiânia, onde chegou já quase sem combustível.
Após a aterrissagem, a Polícia Federal entrou em ação e o rapaz acabou baleado com três tiros, morrendo dias depois.
O caso foi narrado com mais detalhes no livro “Caixa Preta”, escrito por Ivan Sant’Anna. O comandante Murilo foi condecorado com a Ordem do Mérito Aeronáutico.