Sindicato dos profissionais da educação usou expressão interpretada como racista em publicação sobre Flávio Guimarães
Uma publicação do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, núcleo Região dos Lagos (Sepe Lagos), tem causado debate entre a população de Cabo Frio. Em uma crítica ao governo municipal lançada nas redes sociais nesta segunda-feira (29), o sindicato se referiu ao secretário de educação, Flávio Guimarães, que é negro, como “capitão do mato”.
A expressão levou a sociedade civil a interpretar o termo como sendo racista e preconceituoso. A publicação do sindicato critica a decisão do secretário de descontar os pagamentos dos trabalhadores que se recusaram a atender às convocatórias para o trabalho presencial nas unidades.
O órgão sempre se mostrou contra o retorno presencial das escolas durante a pandemia e, durante o pronunciamento, descreveu a medida do governo como “perseguição os grevistas”.
“Para combater os efeitos dessa postura criminosa do secretário, que se coloca como um ‘capitão do mato’ do governo Bonifácio (PDT) contra a defesa da saúde e das vidas dos trabalhadores da educação, o Sepe Lagos alerta que está aberto o formulário para solicitação de auxílio por meio do Fundo de Greve aos trabalhadores que estão tendo seus salários descontados por lutarem contra a omissão genocida da prefeitura”, ressaltou o sindicato.
Nesta quarta-feira (31), o sindicato publicou uma nova nota, em que se retrata com relação à expressão. “Aos trabalhadores negros e negras que se sentiram ofendidos por esta comparação, pedimos sinceras desculpas. Não foi esta a intenção do sindicato, que é um aliado estratégico de toda a classe trabalhadora em sua luta contra a opressão racista e a exploração capitalista. Sabendo inclusive, que é um grave equívoco associar esses personagens exclusivamente ao fenótipo do negro, já que brancos e mestiços também cumpriram esse papel repressor, vastamente comprovado pela historiografia crítica. Por isso, nos surpreendeu a associação feita nas redes sociais, como uma caracterização racista e não política de um repressor”.
Seme
A Prensa questionou a Secretaria de Educação quanto às acusações. A pasta informou que 67 servidores tiveram descontos em seus contracheques no mês de março de 2021, com base no entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de que a falta do servidor pode ser motivo de desconto até que a legalidade da greve seja confirmada pela Justiça. O órgão ressaltou que, em caso de confirmação da legalidade da greve, os valores são ressarcidos aos servidores.
A decisão final sobre o dissídio coletivo de greve ainda não foi firmada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Em nota, a Prefeitura afirmou que os valores descontados são referentes aos dias em que esses profissionais deixaram de atuar em home office (trabalho em casa), durante as mediações com alunos ou presencialmente nas unidades, em formato de rodízio. Essa modalidade de atuação ocorre desde setembro de 2020.
Sobre a questão dos EPIs, a pasta ressaltou que as verbas destinadas à compra dos equipamentos foram repassadas diretamente às unidades escolares que, por sua vez, compraram, distribuíram e instalaram os materiais para utilização dos servidores durante as atividades presenciais (em formato de rodízio) nas escolas. A Secretaria de Educação acompanha, por meio de planilha, o quantitativo e o tipo de material adquirido pelas equipes diretivas.