Para mostrar o panorama da saúde pública municipal, o secretário de saúde de Cabo Frio, Antônio Macabu, realizou, nesta terça-feira (31), uma coletiva de imprensa para apresentar a todos o cenário que encontrou ao assumir a pasta, após 12 dias. Um cenário desanimador, caótico, com falta de insumos básicos, sem contratos com fornecedores, sem materiais no almoxarifado e com ordem de despejo de um dos prédios utilizados pela prefeitura por atraso de pagamento.
Macabu divulgou que houve uma conversa com o antigo secretário de saúde. “Convidei os senhores para dar transparência no cenário caótico da saúde de Cabo Frio. No período de transição, tivemos muitas conversas informais com o meu antecessor, onde me foi garantido que teríamos um estoque de materiais suficiente para manter tudo funcionando até que os contratos fossem examinados, mas quando tive a oportunidade de acompanhar os processos e documentos, percebi que tudo foi uma armadilha. Uma herança maldita. Não temos nada no estoque, encontramos remédios vencidos, sem qualquer controle no almoxarife, faltando seringas e gases, onde tive que comprar do meu bolso para manter o hospital do Jardim Esperança funcionando”, disse.
Sobre o Hospital da Criança, onde foi relatado um abandono e diversas críticas da população, o líder da pasta diz que a unidade não voltará. “Eu pretendo melhorar, não é o ideal. Mas vou melhorar como eu ainda não sei. Não tenho como resolver as coisas de forma imediata. Hospital da Criança ele já foi. Agora ele é um prédio público abandonado. Mandei fechar, pessoas estavam invadindo. Tinham agulhas e tudo mais, podendo machucar pessoas. Em condições de uso é a mesa cirúrgica, por ser de aço inox e mandar pro Hospital da mulher. Não vai ter reabertura do Hospital da Criança. Sem condições nenhuma”, afirmou.
Falou também sobre uma ordem de despejo em um almoxarifado. “Estamos com ordem de despejo do prédio onde fica o almoxarifado, na antiga Secretaria de Transportes, em São Cristovão. Lá não tem nada. Tem materiais que compraram sem necessidade, onde vamos viver até 2080 e não vamos utilizar. Tem notas de materiais que compraram que não receberam, falta insumos básico, remédios perderam a sua validade. Nesse último fim de semana tive que comprar seringas, do meu bolso, para que hospitais funcionassem com a situação básica. Precisei da ajuda de amigos de outros hospitais para conseguir alguns materiais”, falou.
“O que eu fiz em relação a essa coletiva, foi após conversar com o prefeito pela manhã, é pra colocar a população a par da situação. Não é segredo pra ninguém a situação, o ginásio, o Teatro, buracos pela cidade… Na minha pasta eu encontrei essa situação. Uma série de armadilhas. Eu tenho que tentar de todo modo que não chegue na população. Minimizar os problemas que já estavam ocorrendo em gestões passadas. A promessa que eu faço é trabalhar. As coisas que estão funcionando vão continuar funcionando e melhorar as coisas que estão ruins”, finalizou.
Presidente do SindSaúde, Alcimar “Mazinho”, destaca que a situação do Hospital da Criança, que foi referência, ficou deste modo graças ao abandono nas administrações de Alair Correa e Marquinho Mendes. “Um dia este hospital foi referência, salvou vidas e agora é uma grande vergonha o estado em que se encontra toda esta estrutura.” Finalizou.