Em 17 anos de carreira ele já subiu no lugar mais alto do pódio 28 vezes, incluindo competições nacionais e internacionais. Levou também 13 vice campeonatos e 7 terceiras posições. Esse atleta é medalhista olímpico e compete individualmente e em equipe apresentando alto rendimento em seis aparelhos.
A carta de apresentação de Diego Hypólito é irretocável. Ginasta brasileiro de renome internacional que essa semana veio a público reclamar das péssimas condições em que treina, ou melhor, treinava. Diego cancelou o vínculo com a equipe de São Bernardo do Campo. São sete meses de salários atrasados, pressão psicológica e determinações para que “não colocasse a boca no trombone”.
A CAIXA é a patrocinadora oficial que deveria repassar os valores para a Secretaria de Esporte e Lazer de São Bernardo (SESP). Oficialmente a única coisa que se sabe acerca dessa verba é que há sete meses ela não aparece na conta do atleta: “Parece que o atleta brasileiro não tem valor”, “Sou valorizado apenas pela grade massa. Me tratam mega bem. Mas não existe um plano de esporte no Brasil. Nós atletas somos peças de tabuleiro. Somos usados na Olimpíada, mas depois que tem o resultado pouco importa”.
Esse não é só um caso, é a regra no esporte nacional. Vocês se lembram do Arthur Zanetti, campeão olímpico nas argolas em 2012? Depois de reclamar chegou a receber proposta de outros países para mudar de nacionalidade em troca de estrutura e salários infinitamente melhores. Quase foi.
Não demora e a oferta chegará até Diego Hypólito. E assim, estamos sempre à distância de um salto carpado de perder o que temos de melhor.
Rafael Alvarenga é professor de filosofia e apaixonado por esportes