O escritor Rodrigo Cabral, autor do livro Refinaria, acaba de alcançar uma das conquistas mais significativas da literatura brasileira: ele é semifinalista do Prêmio Jabuti 2025, na categoria Escritor Estreante – Poesia. O anúncio coloca o poeta, nascido em Campos e com trajetória ligada à Região dos Lagos, ele cresceu em Cabo Frio, entre os nomes de destaque da cena literária contemporânea do país.
Reconhecimento nacional
O Prêmio Jabuti, criado em 1958, é a mais tradicional premiação literária do Brasil. Estar entre os semifinalistas já significa ingressar em um seleto grupo de autores que marcam o ano literário. Para Cabral, é também o reconhecimento de um trabalho que une memória pessoal, paisagem e identidade cultural em forma de poesia.
“Estar entre os semifinalistas do Jabuti é um estímulo e uma alegria enorme, sobretudo por ser com meu primeiro livro”, destaca o autor.
A força de Refinaria
Publicado pela Editora Sophia, o livro reúne poemas que exploram a transformação constante do litoral fluminense, as lembranças da infância e as marcas da vida em Cabo Frio e no entorno da Laguna de Araruama. O título remete tanto ao processo de depuração do petróleo, presente na região, quanto ao ato de lapidar as próprias experiências e memórias.
Refinaria também já chamou atenção em outros espaços: esteve presente na Flip 2024, na Bienal do Livro Rio 2025, e agora ganha projeção nacional com a indicação ao Jabuti. A obra ainda será adaptada para o teatro, em um espetáculo dirigido por Rodrigo Senna.
Confira um trecho do poema “pulsação d’água”:
“a pulsação d’água
contrai e expande
o que a palavra refina
nos batimentos
das remingtons
debulhando botões
verdejando espasmos
na restinga das paráfrases
dos átrios e ventrículos
para os vasos de alta salinidade
onde ovos chocam
onde vogais e camarões
ruborizam
onde aspas rebentam
no íntimo dos glóbulos
n’aorta das sílabas
enquanto o hífen-cateter
da célula-mater
mantém o ritmo da criação
em gênese: arritmia”
Trajetória em ascensão
Mesmo estreante, Cabral já acumula conquistas: foi finalista e premiado em concursos como o Prêmio Off Flip e o Festival de Poesia de Lisboa. Além disso, atua como editor na Sophia, voltada para valorizar a produção literária e cultural da Região dos Lagos.
A chegada ao Jabuti consolida esse caminho: mostra que a poesia produzida fora dos grandes centros também alcança reconhecimento nacional.
Literatura que nasce do lugar
Os versos de Cabral são atravessados por símbolos do território: a figueira centenária da rua de infância, a restinga, o mar em transformação. É a partir dessa geografia afetiva que ele constrói uma poesia que, embora nascida da experiência local, toca questões universais como o tempo, a memória e a identidade.
Um nome a acompanhar
A lista de semifinalistas do Prêmio Jabuti é sempre observada de perto por críticos, editores e leitores. A presença de Rodrigo Cabral nela coloca o poeta buziano no radar da literatura brasileira de forma definitiva.
Se o Jabuti é o prêmio que dá visibilidade e consagra carreiras, Refinaria já começa a trilhar esse caminho — levando consigo a voz poética da Região dos Lagos.