Participaram também os vereadores Marcel Silvano (PT), Julinho do Aeroporto (PSDB) e Maxwell Vaz (Solidariedade)
A Roda da Prensa da segunda-feira (20) reuniu parlamentares para debater a privatização da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro) e os possíveis impactos na região da Costa do Sol e no Norte Fluminense, como em Macaé, um dos municípios mais atingidos pela falta de abastecimento de água.
Participaram do debate, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), que é presidente da Comissão Especial da Região Metropolitana, que discute a privatização da Cedae na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), os vereadores de Macaé, Marcel Silvano (PT), Julinho do Aeroporto (PSDB) e Maxwell Vaz (Solidariedade).
Segundo o deputado estadual Waldeck Carneiro, a privatização da Cedae, atualmente, é uma das principais pautas no Rio de Janeiro e, para ele, não é novidade, que o atual governo proponha a privatização da empresa. Waldeck criticou, durante a live da Prensa, o governador Wilson Wtizel, afirmando que durante a campanha eleitoral de 2018, garantiu que era contrário à privatização da Cedae e, em 2019, mudou o discurso. “No ano passado, a Cedae entrou para o controle político. Demitiu 54 funcionários da empresa, entre engenheiros e analistas, dissipando a memória técnica da Cedae e a colocou para execração pública no verão deste ano. Tudo isso para que a imagem da empresa fosse totalmente depreciada pela população”, afirmou Carneiro.
Questionado sobre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) estar disposto a defender a privatização da Cedae na Justiça, caso a Alerj não aprove a privatização, o deputado estadual voltou a criticar o governador Wilson Witzel. “Ele está sem condições nenhuma, inclusive morais, de defender a privatização. Estamos impedindo sim na Alerj que isso aconteça”.
O vereador Marcel Silvano (PT) ressaltou que a Cedae é uma empresa pública que está sendo vitimizada por dois aspectos. “Todos os dias, estão sendo feitas campanhas contra a Cedae para desmoralizar a empresa para outras que querem privatizar a água e o saneamento e monopolizar. Macaé já tem a Odebrechet, que já tem operação do sistema de saneamento básico, já tem a operação da cobrança das contas e agora querem também operar o sistema de água de tratamento e abastecimento para a população Não pode uma empresa pública, superavitária como a Cedae, que dá lucro, talvez uma das únicas do estado do Rio, pagar a conta de lambanças do atual governo estadual. A Cedae e os governadores nunca olharam para a nossa região”, enfatizou.
Trinta por cento da população de Macaé ainda não tem acesso à água, de acordo com o vereador. E, para ele, a situação só piora, devido a tentativas populistas e demagogas do governo municipal em assumir o serviço, dando de graça e afirmando que as contas seriam gratuitas. “Não nos apresentaram capacidade técnica e administrativa de gestão para assumir o serviço. A água não pode ser tratada para tapar buraco, rombo de corrupção e muito menos para fazer demagogia. Isso atinge Macaé a décadas. Às vésperas de eleições, muitos afirmam que irão trabalhar para buscar investimentos, e no final das contas, quem continua sofrendo é o povo, sofrendo com a falta d’água. É uma triste realidade que a cidade enfrenta”, concluiu.
O vereador de Macaé, Julinho do Aeroporto (PSDB), ressaltou que a Cedae sempre foi uma empresa, na gestão de muitos governadores, de cabides de emprego. Para ele, sempre foi administrada por políticos que não tiveram a Cedae com uma empresa importante para trazer recursos para Macaé. “A Cedae é uma empresa que dá lucro e por isso todos os governadores a terão como moeda de troca com o governo federal. A Cedae, por dois anos consecutivos, foi eleita pela Revista Exame, a melhor empresa no que tange a investimentos em infraestrutura. É uma empresa que dá lucro”, pontuou. O parlamentar tucano relembrou que em 2019, quando a Câmara Municipal de Macaé, recebeu o PL 4562/2019, sobre a encapação da Cedae, defendeu o projeto porque a Cedae, em Macaé, deixa a desejar, e que isso, às vezes, não acontece no Estado. “Precisamos entender isso. Em Campos dos Goytacazes e Araruama à água foi privatizada, em 1998 e 1999, e lá as coisas vão muito bem. Quem sucateou a Cedae foi o governo do Estado. A empresa sempre foi usada por política, principalmente eleitoreira. A Cedae bem administrada vai dar lucro. Se for feito um levantamento é possível constatar investimentos que a Cedae fez em todo o estado, mas é preciso ter responsabilidade e visão e fazer com que as coisas aconteçam, principalmente no interior. É preciso haver um entendimento, uma briga maior”.
O vereador Maxwell Vaz (Solidariedade) ressaltou que a água é alimento e importante para a higiene das pessoas. Para ele, as empresas que fazem a gestão da água, a captação, tratamento e distribuição, precisam garantir um direito simples às pessoas: acesso a água potável.
Ele, como os outros parlamentares, afirmou ser contra à privatização. “A Cedae é uma empresa pública que vem fazendo seus trabalhos no Estado e em Macaé, mas sofre com interferências políticas, oriundas de orçamentos e gestão da empresa. O governo do estado manipula o orçamento da Cedae. Macaé é uma cidade diferenciada, possui uma grande estrutura de consumo. Atualmente, são captados, em Macaé, 600 litros de água por segundo. A demanda precisa ser suprida. Para atender a todas as pessoas, são necessários 800 litros de água por segundo. Macaé precisa também investir, ser parceiro do Estado, para atingir, com sucesso, as suas atribuições no abastecimento de água”.