Um texto de Gabriel Gialluisi
O Rio Una, um ser ambiental ainda vivo, conclama ser respeitado da nascente à sua foz. Roga ser despoluído para voltar a cumprir plenamente sua função social e rejeita, com veemência, ser depósito de esgoto de qualquer origem e “tratamento”.
O projeto de transposição nos efluentes de esgoto de várias cidades para o Rio Una é prenúncio de um desastre ambiental sem precedentes. Que qualidade de água e que volume chegará ao rio? Como isso impactará a relação do rio com o mar?
Os impactos ambientais – desmatamento, desertificação, perda da biodiversidade, extinção de espécies da fauna e flora, erosão das margens e outros– foram estudados?
Os impactos sociais nas comunidades ribeirinhas foram considerados?
Esse projeto, extremamente egoísta, impactará Armação dos Búzios de uma forma geral e, em particular, uma das pérolas ambientais do município: o Mangue de Pedra, na praia da Gorda, no Bairro da Rasa.
Faz-se urgente que Armação dos Búzios assuma posição contrária ao citado projeto de transposição, até que todos os estudos obrigatórios sejam discutidos com o Governo Municipal, órgãos ambientais estaduais e municipais, Prolagos, Consórcio lagos São João, INEA e ampla participação popular.
Cabe ressaltar que a democratização do saber é condição básica para a participação popular de qualidade.
Até que se conclua esse processo, cada município deve cuidar, dentro de seus limites, de seus problemas ambientais. Simultaneamente que se comece a desenvolver o projeto de despoluição do Rio Una, uma vez que, qualquer que seja a conclusão dos estudos, essa providência será determinante.
Vale, finalmente, refletir que a tecnologia avançada facilita técnicos, ainda que bem intencionados, se arvorarem reorganizadores da Criação, não se dando conta que, para isso, precisam ser O Criador.