Repercutiu nacionalmente a agressão de apoiadores do ex-deputado Roberto Jeferson e do candidato à presidência Jair Bolsonaro ao cinegrafista Rogério de Paula, da Intertv, afiliada da Rede Globo no interior fluminense na tarde domingo (23). Mas na ocasião outro jornalista foi agredido, Glauber Ribeiro, repórter e diretor de jornalismo do Portal RLagos, com sede em Cabo Frio, Região dos Lagos do Rio.
O RLagos foi o primeiro veículo de notícias a chegar a Comendador Levy Gasparian, onde o ex-deputado e aliado bolsonarista havia a poucas horas disparado mais de 50 tiros e jogado três granadas na direção do carro e dos agentes da Polícia Federal que cumpriam ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes do STF. O delegado Marcelo Vilella e a policial Karina Lino Miranda de Oliveira saíram feridos.
Glauber contou à Prensa que estava na cidade de Três Rios visitando familiares quando recebeu as primeiras informações do que estava acontecendo na cidade vizinha. Ao chegar ao local, conforme conta, ainda havia poucos policiais e iniciou uma live comentando os fatos. Um grupo de pessoas identificadas como apoiadores do ex-deputado e do presidente Jair Bolsonaro, que estavam no local, iniciaram a agressão.
“Fui muito xingado pelo grupo, todos vestidos de verde e amarelo, e cheguei a ser empurrado e a levar um chute, enquanto exercia minha função de informar”, disse.
No trecho do vídeo, resultado da live que tentou executar em seu canal, pode se confirmar o início das agressões, ainda verbais.
“A polícia presente no local não deu assistência a imprensa, mesmo presenciando as manifestações violentas. Vi que iria sofrer mais violência então parei de fazer live, tive, sim, medo. Disseram que iriam quebrar meu equipamento. Mas continue no local realizando a cobertura, mas não mais ao vivo. ”, conta e afirma que viu quando o cinegrafista da Intertv foi agredido: “Graças a Deus, não fui agredido como o jornalista da Globo. Eu o vi sendo agredido. Com a Globo foi agressão mesmo o tempo todo. Eu fiquei quieto enquanto trabalhava para que achassem que eu estava ao lado deles porque tive medo de ser linchado. ”
A narrativa de Glauber sobre o clima violento no local bate com a dos repórteres da afiliada da Rede Globo. O repórter da Inter TV Carlos Miranda, que acompanhava o cinegrafista, que precisou ser hospitalizado, contou que, ao perceberem o clima de tensão, resolveram se afastar do local. “Nós não reagimos a nenhum tipo de violência”, explica. Os ataques, no entanto, permaneceram, até que em certo momento um homem bateu na câmera do cinegrafista e deu um chute em suas costas. “A câmera acertou a cabeça do Rogério, deixando-o tonto”.