No último Domingo (21) a Região dos Lagos registrou mais um ataque homofóbico e movido à razões políticas em Cabo Frio, fato que acabou sendo registrado nas redes sociais. Théo Silveira é um homem trans e presidente da ONG Arraial Free, que atua na defesa dos direitos da comunidade LGBT da cidade.Théo conta que estava indo junto a um amigo participar da parada do Orgulho LGBT em Araruama quando se deparou com uma carreata política à favor candidato do PSL Jair Bolsonaro. Num primeiro instante, pensou em prosseguir para evitar conflitos, quando percebeu que estava sendo ofendido verbalmente e que manifestantes estavam simulando jogar “água benta” neles. Um homem se aproximou e começou a insinuar: “É menino ou menina?”.
Apreensivo, resolveu filmar: “Comecei a filmar e um homem me disse que, se eu continuasse, eles me dariam em vez de água, bala” conta Theo, que precisou se esconder pedindo um carro e saindo do local rapidamente. “Deu pra ver eles me procurando ainda”.
Após o ataque, Theo recebeu mensagens de pessoas através das redes, que demonstraram solidariedade e apoio ao ocorrido. “Eu espero que seja respeitada a Constituição e que o candidato do PSL, se eleito, governe para todos. Que essas falas se mostrem equivocadas, que repare suas atitudes e que mostre não ser alguém preconceituoso” estima Theo.
Vilmar Madruga, morador de Armação dos Búzios, relatou um ataque que sua neta, de apenas 12 anos sofreu por motivações políticas e homofóbicas, ao voltar da escola, na semana passada. “Minha neta saia da escola quando se deparou com um sujeito que a xingou de sapatão e outros termos baixos, apenas por usar mechas rosas no cabelo. Ela chegou chorado em casa e muito assustada. Pode ser interpretado por alguns que seja uma criança que pertence à uma família de criação liberal, alternativa, anti-fascista, ou até mesmo comunista.”
Vilmar conta e agradece por todo o apoio que ele e sua família obtiveram nas redes sociais, mas ao
mesmo tempo demonstrou preocupação ao perceber que, em meio aos comentários solidários, haviam àqueles eu tentavam justificar o ato de violência. “Existem confrontos urbanos de discordância política mas, não vemos os apoiadores do candidato de esquerda atacando negros, gays, mulheres e agora, crianças. Não vejo.” desabafa Vilmar. O mesmo conta que pelo menos dois fatos envolvendo intolerância política e crianças chegaram a seu conhecimento. “Será que daqui pra frente nossas crianças terão que andar na rua de uniforme militar?” reflete.