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Reflexões de Quinta: Quando a ficção é um esboço mal acabado da realidade:

Desde criança sempre ouvi dizer que o ano só começa, oficialmente no Brasil, depois do carnaval. O carnaval esse ano só será em março, logo, teremos bastante tempo para planejarmos e testarmos nossas resoluções de ano novo! Então, como o ano, oficialmente segundo o calendário à lá Brasil, ainda não começou, podemos falar de resoluções, planos e metas para 2019. Dentre as resoluções para meu ano novo, estabeleci a meta de ler ao menos um livro por mês, que não figurasse no rol de bibliografias obrigatórias da minha vida acadêmica. E diminuir meu tempo de uso da internet e principalmente das redes sociais.

Delineando com mais detalhes esse meu projeto pessoal, resolvi que investiria em títulos sobre desenvolvimento pessoal, educação financeira, biografias (penso que algumas biografias são ótimas fontes de inspiração de como viviam ou vivem pessoas com uma existência significativa), clássicos da literatura e também títulos que me fossem atrativos, mesmo que não se encaixassem em nenhuma das classificações anteriores.

Em janeiro, por estar de férias, consegui bater a meta! E como fã da nossa ex-presidenta, que teve o seu mandato interrompido de forma vergonhosamente golpista, depois de bater a meta, superei a meta! Li dois títulos e iniciei um terceiro que já me fez alcançar a meta de fevereiro. Esse terceiro já entrou para o meu rol de livros favoritos ao lado de obras como “1984” do George Orwel, “As aventuras de Pi” do Yann Martel, “O pequeno Príncipe” de Antoine de Sant-Exupéry, “Amor” da Isabel Allende e vários outros que já li na vida.

O livro que acabei de ler chama-se “Admirável mundo novo” do autor britânico Aldous Huxley, que está no rol dos clássicos da literatura mundial. É uma obra de ficção científica futurista que é ambientado em um futuro, que eu tomo a liberdade de chamá-lo de sombrio e não tão ficcional quanto são as ficções, onde Ford, sim, o da linha de montagem, é o marco inicial da contagem do tempo. Uma sociedade onde a tecnologia tem papel central.

O livro é ambientado no ano 632 depois de Ford, onde o seres humanos são produzidos em série e programados pela engenharia genética em laboratórios. A sociedade tem como lema “Comunidade, identidade e estabilidade” e a mesma goza de uma estabilidade social onde pensamentos autônomos e questionadores são coisas altamente perigosas e vigorosamente condenados. Uma sociedade que combate o amor e estimula o sexo, uma sociedade que baniu a liberdade de expressão e encontrou no totalitarismo o seu modelo de gestão social.

Uma sociedade onde o consumo se tornou a pedra fundamental e a felicidade, uma obrigação moral. Onde era proibido não ser feliz. Mesmo que para isso a felicidade fosse fabricada em laboratório. Onde a tristeza e a melancolia eram prevenidas com o “soma”, uma espécie de pílula da felicidade. Uma sociedade onde o amor se tornou algo ultrajante, estigmatizado e que deveria ser a todo custo evitado. Uma sociedade onde “cada um pertence a todos”.

Uma sociedade ficcional que me lembrou em várias páginas a nossa sociedade real. Pois em nossa sociedade o totalitarismo vem ganhando cada dia mais adeptos, o amor, a responsabilidade afetiva e os relacionamentos amorosos parecem ter ficado lá no ano 632 D.F.. Pois as relações pessoais estão cada dia perdendo mais espaço para encontros fortuitos e efêmeros. Onde o “ter” ganha a cada dia mais espaço do que o “ser”.

Em nossa sociedade, a tecnologia também trouxe uma série de mudanças em nossa forma de sociabilidade, principalmente as novas tecnologias da informação e comunicação. Nos proporcionou, como bem chamou o Sociólogo espanhol Manuel Castells, uma sociedade em rede, ou seja, estamos conectados com o mundo.

As novas tecnologias da informação e da comunicação, principalmente a internet e as redes sociais, ocupam, atualmente, uma grande fatia de nossas vidas. As redes sociais são nossas vitrines de “gritar” para o mundo o quanto também podemos fabricar nosso próprio “soma”, ou seja, podemos fabricar uma felicidade e até uma vida virtual perfeita, que muitas vezes não corresponde ao nosso mundo real.

Segundo os estudos do Castells, as relações humanas passariam a ser estabelecidas cada vez mais em ambientes multimídia, e a relevância social teria como parâmetro a relevância digital. E segundo dados do relatório da “2018 Global digital” o Brasil está entre os três países onde a população gasta o maior tempo navegando na internet, e o segundo onde a população gasta mais de três horas e meia nas redes sociais.

Esse tempo exagerado de uso nas redes sociais têm nos tornado cada dia mais chatos! Sim chatos e até mesmo fúteis. Não comemos mais sem mostrar para todo mundo o que estamos comendo, não aproveitamos a viagem porque estamos preocupados com a melhor foto para ser postada em nossa time line. Agora podemos até mesmo transmitir ao vivo nossa vida para todo mundo, é como se tivéssemos esperando nossas vidas serem validadas pelos likes e curtidas de pessoas que muitas vezes nem conhecemos. Fazemos das redes sociais verdadeiros divãs, ou melhor, muro das lamentações.

Não pensem que estou contra as novas tecnologias da informação ou a internet, nem mesmo contra as novas formas de se relacionar através delas. Penso que elas são ótimas, que as possibilidades que elas trazem são incríveis, as barreiras que elas derrubam são melhores ainda. Lugar onde você consegue de comida a casamento sem sair de casa.

Meu ponto é o uso que as pessoas fazem dela. Que o fato de estar atrás de uma tela faz com que alguns indivíduos se sintam autorizados a fazer o que bem entendem e assim ofender, enganar, xingar e não ter responsabilidade afetiva com os laços construídos a partir das relações virtuais.

São alguns dos pontos negativos do uso que se faz das redes, ou meu ver. Tem também o não diálogo e interação entre pessoas que estão compartilhando o mesmo espaço físico. As redes sociais nos furtam a presença em lugares reais, ou seja, estamos presentes só fisicamente em algumas ocasiões. Não levamos, muitas vezes, em consideração que o que acontece no mundo virtual tem consequências na vida real.

 

*Renata Souza é bacharel em Sociologia e Mestra em Sociologia Política

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