13 de março entrou para nosso rol de dias trágicos. Mais um drama para ser lembrado no mês de março. Como se já não bastasse a morte de Anderson e Marielle para sentirmos vergonha do nosso modelo falido de social-democracia
Teremos que conviver com mais um massacre. Vidas inocentes foram abatidas em nome da ideologia anti-humana que foi maciçamente propalada nas últimas eleições. Se já não bastasse às políticas de extermínio que o estado brasileiro vem praticando, historicamente, contra os pobres e pretos. Agora temos que conviver com uma sociedade doente, onde frustrações pessoais não são resolvidas com terapia, mas com massacres.
Precisamos rever nosso modelo civilizatório ou o século XXI será também o século das trevas. Não podemos banalizar a violência e achar que a população armada vai resolver ou evitar problemas como o massacre de Suzano. Dar porte e posse de armas para população não resolverá nosso problema de segurança pública. Perguntaram-me: Qual é a solução? Não tenho essa resposta. Porque se tivesse, receberia o Nobel da Paz em vez de estar aqui dialogando.
Uma coisa posso lhe garantir: Armar a população não é a solução. Mesmo não tendo uma resposta em definitivo para o problema da segurança pública, tenho apontamentos e diretrizes. Penso que nossa população precisa de mais escolas, hospitais, teatros, cinema. Salários mais justos e oportunidades mais igualitárias, ou seja, tenha qualidade de vida. Essas e outras condições visam uma sociedade mais justa e menos desigual.
No Brasil, mesmo existindo um decreto que regulamenta e “dificulta” a posse e o porte da arma de fogo, temos diariamente casos de crimes cometidos com uso das mesmas. Em São Paulo entre 2014 e 2017 a Secretaria Estadual de Educação registrou 2.351 casos de posse ou apreensão de armas e objetos perigosos nas mais de 5 mil escolas do estado. Isso porque o porte e a posse de armas é considerado algo difícil e burocrático.
Temos que parar de achar que armar a população é a solução. Países com porte e posse de armas liberados são ótimos exemplos de que os índices de violência não diminuem. Pelo contrário, estão sempre figurando no rol de altos índices de violência com armas de fogo. Vide as várias chacinas que os EUA são vítima, por conta do fácil acesso às armas.
Precisamos sim, ensinar aos nossos jovens que eles não são o centro do mundo. E que eles não devem punir a coletividade pelas suas frustrações. Temos que ensinar que a violência não é a melhor atitude para resolvermos nossos problemas. Ensinar aos pais que educação pressupõe frustração.
Temos que lembrar que não estamos em guerra. Lembrar que a discordância de ideias faz parte da vida, e é justamente essas discordâncias que faz o mundo um lugar plural e dinâmico. Não devemos classificar o outro como nosso “inimigo” só porque não vemos o mundo sob a mesma perspectiva.
O estado de eliminação social, alienação, banalização do mal, culto a violência e principalmente, as enxurradas de ignorância e disparates (divulgar um vídeo detonando a maior festa popular de nosso país, por exemplo) que são produzidos pelas instâncias superiores só me traz um questionamento: Será que nosso modelo de civilização está chegando ao fim?
*Renata Souza é Bacharel em Sociologia e Mestra em Sociologia Política