Lucas D’Assumpção
No Brasil onde temos fiscais de vitimismo, onde tudo que acontece com o próximo é “mimimi”, me aparece uma situação hipotética e de questionamento gigantesco. Um jovem, de 23 anos, negro, formado em uma faculdade, com facilidade em língua inglesa e indo buscar a sua carteira de motorista é parado na rua por uma desconhecida que grita aos sete ventos: “está me seguindo por quê? Seu marginal!”. Diante dessa situação qual seria a reação dos fiscais de vitmismo? Era mais um caso de mimimi? Era mais um caso de “ah, mas poderia ser com qualquer um, ela se sentiu ameaçada”? Qual seria a resposta?
Uma situação tão constrangedora que o rapaz ficou nervoso por horas, chegando a cair uma lágrima de seu olho. Os brasileiros, ainda mais nesse tempo, acham que não existe ou nunca existiu racismo no país.
O que mais existe é racismo, meu camarada.
Quer ver?
Vira e mexe um rapaz negro vem andando na rua, e vindo em sua direção outra pessoa atravessa a rua ao avistá-lo. Ou quando esse mesmo rapaz vai a uma loja para comprar algo e a vendedora pergunta qual a profissão dele e ao ouvir a sua ocupação faz cara de não acreditar. Ainda mais um negro naquela profissão.
Quer fazer um teste? Entra numa loja vestindo bermuda, blusa e sandálias e veja como é tratado. Agora entra um negro, nessa mesma condição, pra você reparar na diferença.
Brasileiro esquece das origens fácil, fácil. Além de achar que racismo não existe, pratica “sem perceber”, como alguns entoam em dizer aos quatro ventos por aí.
Ah, e mais uma coisa. Se colocar no lugar do outro não custa nada, fiscais. Aprendam isso. E enxerguem o que é real. O racismo está aí no dia a dia. E se pra chamar a atenção e alertar as pessoas o texto precisar ser “mimimi”, esse texto é mais um, então!
Essa história contada não é hipotética. Tudo descrito aconteceu comigo, Lucas D’Assumpção. Ah, e só pra lembrar, eu sou jornalista.
Nota do editor: Lucas é repórter do Prensa de Babel.