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Racismo em pauta com Jorge Luís Rodrigues dos Santos do Neabi Macaé

No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, 3 de julho, destacamos a opinião de especialistas de que este tema é fundamental para a democracia

Dr. Jorge Luís Rodrigues dos Santos do Neabi Macaé fala sobre causas e consequências

O tema racismo está ocupando um lugar privilegiado nas mídias estadunidenses, europeias e também nacional. No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, 3 de julho, destacamos a opinião de especialistas de que este tema é fundamental para a democracia. Para o Doutor em Memória Social e vice-coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena da Cidade Universitária de Macaé (Neabi Macaé), Jorge Luís Rodrigues dos Santos, o racismo é uma ferramenta construída teoricamente para promover, sustentar e legitimar a exclusão de grupos racialmente “hierarquizados” e subordinados a um grupo considerado “superior”.

Para o pesquisador, também a falta de uma consciência racial cria a atual opressão racista. Mas outras questões contribuem para isso. Uma delas é a sociedade encarar o racismo como um problema dos negros. Outra, é defini-la como um problema insolúvel, já que não fica clara a definição de quem é negro no Brasil. Ele ressalta que o “ser branco” é apreendido como o “padrão aceitável e referência de humano”. Estes entendimentos permitem a construção de diferentes formas de exclusão, violência e desigualdades nos diversos espaços da vida social.

Em 25 de maio, o primeiro Dossiê temático do Neabi Macaé foi publicado na revista ‘África e Africanidades’, o que, para o professor, representa um importante passo para os trabalhos entorno desta temática na cidade. O material reúne os textos finais produzidos por estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) do campus Macaé, que cursaram a disciplina interinstitucional “Relações Étnico-raciais no último semestre de 2019.

Mas Jorge Luís alerta para algumas práticas racistas que servem para provocar discussões periférica. Elas apenas distraem e distorcem o fundamental da luta contra o racismo. Apesar da linguagem, como ferramenta de interação social, ser um instrumento de dominação e que, por isso, intelectuais vêm produzindo referências teóricas buscando a desconstrução do racismo linguístico e epistêmico, é preciso esclarecer muitos pontos. Por exemplo, o uso dos termos “preto” e “negro” é irrelevante, porque tudo dependerá do contexto envolvido. Estas palavras podem ser usadas ressignificadas, ganhando o sentido empoderado, ou o pejorativo.

O racismo é o nosso inimigo íntimo. Se dormimos, ele não dorme; se acordamos, ele nos confronta. Temos que (sobre)viver às suas armadilhas cotidianas, presentes em todos os espaços e estruturas sociais. O pseudo “defeito de cor”, fundamento do racismo, ainda que amplamente discutido, não foi completamente destruído na percepção dos “não-negros”.

A luta dos negros e negras é secular, diária, interminável. “Ou luta, ou luto”, diz.

Outra questão histórica destacada pelo professor é a dos indígenas que, desde a Carta de Caminha, eram tratados como “pardos” com base em fundamentos de natureza religiosa (Estatuto de pureza de sangue, do código negro Português). Jorge Luís adverte que qualquer projeto ou articulação por democracia no país exige o firme e real compromisso de enfrentamento ao racismo.

Sobre o entrevistado

Jorge Luís Rodrigues dos Santos é Doutor em Memória Social (UniRio), Mestre em Educação (UNIRIO). Especialista em Estudos Afro-Diaspóricos (FeMASS), Psicopedagogia e Orientação Educacional (FAFIMA), Gênero e Sexualidade (UERJ/IMS/Clam), Administração Pública (UFF) e Antropologia e Desenvolvimento Cognitivo (UFF). Graduado em Letras. Professor da SEEDUC/RJ (Português e Literatura, habilitado em Sociologia e Filosofia). Atuação em docência na educação básica e superior (nas esferas pública e privada), como Professor Formador em Projetos da SEEDUC/RJ, CAPES/MEC e Tutor do Sistema UAB/Capes e Fundação Cecierj. Experiência no desenvolvimento de projetos de capacitação e formação continuada de profissionais da educação (presencial e EaD, nas esferas pública e privada). Temas de pesquisa: Educação Étnicorracial, Educação em Direitos Humanos, Educação para a Diversidade, Educação e Violência(s), Gênero e Sexualidade, Mídia e Racismo, Luta Antirracista, Religiosidade(s) Africanas e Afrodiaspóricas, Memória(s) Negra(s). Vice-coordenador do NEABI da Cidade Universitária de Macaé.

Noticiário das Caravelas

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Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

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