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“Quando tem um problema é meu, quando é um sucesso é da cidade”

 

FestivalA história do Festival Gastronômico de Búzios começou em 2001 quando Gil Castelo Branco, na época jornalista, decidiu tirar umas férias no balneário mais charmoso do Rio de Janeiro. “Foi amor à primeira vista. Estava pronto para fazer um mestrado na área e deixei tudo de lado para morar em Búzios”, recorda. Foi a partir de então que começou a trabalhar com produção de eventos e teve a ideia de fazer o primeiro festival, numa tentativa de resgatar o glamour da cidade para além das praias e da natureza. “Em princípio seria uma única edição, mas estamos já no 16º ano”. Com público de todas as idades, o Festival Gastronômico de Búzios atrai pessoas do Rio, de cidades vizinhas e de diferentes partes do mundo. Para esse ano, o produtor prevê ocupação de 90% na rede hoteleira. “O evento movimenta Búzios no inverno. Durante o festival, a cidade fica em festa e as ruas, bastante cheias”, conta.  Gil ano a ano é alvo de diferentes opiniões, de uma lado os que fazem coro de que se não fosse pro ele o Festival já haveria se descaracterizado e até deixado de acontecer há muitos anos, de outro os que sempre tem uma ideia mirabolante de como fazer melhor… gente com ideias de como fazer melhor o projeto dos outros é o que mais tem em Búzios, é uma espécie de esporte da cidade: opinar sobre o que não entende e ensinar como faze o que não se sabe.

Mas com a serenidade e bom humor Gil respondeu nossas perguntas sem  vacilar, perguntamos e tivemos as respostas. Confira.

Prensa de Babel: Quais os desafios de se realizar um festival de dois finais de semana por 16 anos?

Gil Castelo Branco: O festival precisa se reinventar todo ano para não cair na mesmice. Para 2018, já faremos mudanças significativas no formato dele. Estas mudanças ainda estão embrionárias, pois estou em plena produção do festival que começa dia 7. Vejo muitos festivais que chegam ao ápice e depois decaem, por falta de criatividade, acomodação. Eu estou atento ao festival de Búzios, para que ele continue bom, bonito e barato.

Prensa: A crise econômica atual afetou a realização do Festival desse ano?

Gil: A crise econômica como a situação política do país afetou muito o festival. Pela primeira vez no festival não temos patrocínio máster. Mas na crise precisamos ser criativos, não cruzar os braços e ficar lamentando. Festival é assim mesmo. Um ano maravilhoso, outro bom, outro mais ou menos e sempre adaptando o evento a realidade econômica e social do país.

Prensa: O Festival é um sucesso de público e mídia, o que você considera a razão desse sucesso?

Gil: O sucesso é que vendemos verdade. O cliente vem ao festival e encontra exatamente o que foi divulgado, não é enganado. Tudo muito limpo, comida bem preparada. Nunca tive uma reclamação de alguém que passou mal por ter comido algo no festival ou que foi roubado ou assaltado durante o evento.

E eu sempre digo, o cliente é a nossa estrela, para ele estendemos o tapete. Outro fator importante é que não temos eventos paralelos, como shows, etc. Quem vem ao festival, vem para degustar bons pratos, beber com qualidade e encontrar os amigos e confraternizar com a família. Segundo as pesquisas do Sebrae, o índice de satisfação mais baixo que já tivemos foi de 90%. No média é de 95% de satisfação com o festival. Ainda pela pesquisa nosso público é composto de 60% de mulheres, na faixa de 30 a 50 anos, nível universitário. Não é um festival para jovens.

Prensa: Uma vez causou polêmica uma matéria com você em que afirmava “O Festival é meu”. Ainda tem gente que não sabe que o Festival é um evento privado que beneficia o município, não é?

Gil: Na prática o festival está registrado em meu nome, nos órgãos competentes, portanto, para efeitos legais sou o dono do evento, até porque quando algo dá errado, a culpa recai sobre mim e nessa hora, portanto, apareço como dono. Mas o festival, de fato, é da cidade, não meu. Jamais tive a pretensão de pensar de outra forma. Mas todo ano sempre tem um grupo, ou pessoas, que deseja me tirar do comando do festival, por que acham que podem produzir melhor o festival. Sempre abro espaço para estas pessoas e quando elas caem na realidade do que é produzir um evento complexo como este festival, desaparecem sem deixar rastros.  E novamente, volto a dizer, não sou eterno, no dia que aparecer alguém melhor do que eu passo o bastão.

 

Prensa: Todos lamentaram a saída do Porto da Barra do Festival, o que houve?

Gil: O Porto da Barra apesar dos meus esforços para ajudar os restaurantes de lá, não demonstram interesse em participar do festival. Foge da minha compreensão que num momento de crise, onde todos precisam se esforçar muito para ganhar dinheiro, os restaurantes do Porto da Barra não participem do festival. Este ano, somente dois restaurantes aderiram ao festival, tornando inviável economicamente fazer o evento lá. Alegam que a taxa é alta, estão desmotivados, etc. Volto novamente a afirmar: quem entra no festival, entra para ganhar. Se tem dúvidas, está inseguro ou não tem suporte financeiro, melhor não participar. Para 2018 pretendo reduzir a quantidade de restaurantes no festival e vou repensar a participação do Porto da Barra.

Prensa: Em compensação há a inclusão da Rasa, da Aldeia da Praia (em Manguinhos)  e também a continuação dos Ossos. Acabou que mesmo enxuto deu pra  cobrir de  verdade o município?

Gil: Como o festival é o maior evento da cidade, sempre pensei que ele deveria abranger toda a cidade e não ficar restrito somente ao Centro. Este ano, setorizei o festival por áreas e você durante o festival você pode procurar o espaço onde se sente melhor. Tem a Lagoa dos Ossos, Centro, Manguinhos e Rasa. Isso também diminui o tumulto e a confusão que fica o centro da cidade durante o festival.

Prensa: Pouca gente entende os custos de produção, além do trabalho envolvido. É comum, por desconhecimento, lhe apresentarem ideias mirabolantes  para o Festival?

Gil em momento de descontraído com parte de sua equipe que conta com o fotógrafo profissional Fabio Rossi
Gil em momento de descontraído com parte de sua equipe que conta com o fotógrafo profissional Fabio Rossi

Gil: Produzir um evento é simples. Quando você faz um churrasco para os amigos você está produzindo um evento com detalhes. Precisa comprar a carne certa, o carvão, a cerveja, combinar os amigos, etc. No festival é a mesma coisa, só que numa amplidão maior. O festival de Búzios começa a ser produzido tão logo termina o evento. As mudanças são feitas através das reuniões e conversas com os donos de restaurantes, empresários etc. A partir daí monta-se o projeto de captação de patrocínio e a planilha de custos. Muitas vezes são necessários ajustes no projeto em função de não se captar a verba planejada inicialmente. Dói, mas não tem jeito.

E tenho uma equipe bem enxuta composta de nove pessoas, profissionais altamente qualificados e dedicados a dar o melhor para o sucesso do festival. O festival está lindo apesar do dinheiro curto. Tive que cortar muito, para chegar ao formato atual.

Mas já estou habituado a receber “normas” de como se produzir um evento. É como na partida de futebol. Todos nós somos ótimos técnicos, mas nunca dentro do campo.

 

Prensa: Você realiza uma festival também no Espirito Santo,  como funciona o de lá e pode ponderar as diferenças?

Gil: Produzo também um festival gastronômico num balneário chamado Manguinhos, que fica a 40km de Vitória. É a Búzios deles. Tem somente seis mil habitantes e 20 restaurantes. Enquanto em Búzios tenho que lidar com pessoas do mundo inteiro, culturas diferentes, lá lido somente com o capixaba, o que facilita muito a produção do evento. O festival de Manguinhos estava numa fase ruim, quase parando, quando assumi e o transformei num grande sucesso. Quatro anos depois da minha entrada no festival, os restaurantes melhoraram os pratos, a apresentação eo  festival voltou a ser o grande evento da cidade. Enquanto em Búzios trazemos 25 mil pessoas, em Manguinhos (ES), trago seis mil, e isso é multidão para eles. Lá o festival acontece em Setembro, também durante dois finais de semana.

 

Prensa: Você realiza durante o Festival todos os anos uma pesquisa com o SEBRAE e pode ter sempre a previsão de público. Como é hoje o perfil do frequentador atual do Festival? Mudou muito dos primeiros anos?

Gil: Desde que comecei a produzir o festival o público mudou bastante. Não somente o público do festival, mas da cidade como um todo. O perfil do nosso turista mudou muito, e não quero entrar no mérito dessa questão bastante complexa, pois envolve desde urbanização a saneamento da cidade. E eu acho que até hoje Búzios ainda não descobriu sua verdadeira vocação. Por que viajo muito e noto como as outras cidades turísticas trabalham o turismo e aqui não vejo nada disso. Este ano percebo um movimento de gerar eventos na cidade, pois fomos ao fundo do poço, e sinceramente torço para que de certo, pois vivo e voto aqui há mais de 16 anos e amo Búzios.

Prensa: Há sempre uma contrapartida social no Festival. Quais as desse ano?

Gil com Hamber Carvalho, uma das principais lideranças da Feira Periurbana de Búzios, que tem espaço social dentro do Festival
Gil com Hamber Carvalho, uma das principais lideranças da Feira Periurbana de Búzios, que tem espaço social dentro do Festival

Gil: Sempre tive a preocupação de trazer o social para o festival. Algumas tentativas deram certas outras nem tanto. Trazer a cozinha caiçara para o festival resgatou a estima da cidade. Mas tentei introduzir pratos e colheres biodegradáveis e não tive sucesso. Também tentei a coleta do lixo seletivo e não tive bons resultados. Este ano temos no festival, a feira periurbana de Búzios, os quilombolas da Rasa e de Baia Formosa, os pescadores e a APAE que representam as entidades sociais da cidade.

Prensa: Tem como precisar o  quanto  custaria em  dinheiro o volume de mídia que gera o Festival?

Gil: Todo ano mensuro o valor de quanto custaria se fossemos pagar mídia. E o menor valor que geramos até hoje foi de R$ 900.000,00. Já tivemos em um ano, um milhão e duzentos mil de mídia espontânea. Um festival do porte de Búzios, que é bem barato, não custa menos do que R$ 150.000,00.

 

Festival Gastronômico de Búzios premia restaurantes com selo de qualidade 

Fundadores do Cheval Blanc homenageados do Festival Gastronômico

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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