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Então é dezembro! Época onde ficamos, nós professores e os alunos fazendo contagem regressiva para as tão sonhadas férias! Mas dezembro também, além de ser o mês que antecede as férias, é o mês da correria, é o mês de colocarmos em prática tudo que planejamos o ano inteiro, e a procrastinação não nos “deixou” realizar. Mês onde os brincalhões e os menos preocupados resolvem estudar!

Mês dos diários, dos conselhos de classe, de arroz com passas (eu amo!), das comidas gostosas, dos amigos-secretos, das confraternizações e também das reflexões. Mês onde é celebrado o natal.

A partir de um poema do poeta, cordelista e radialista pernambucano Aldemar Paiva, que me foi apresentado por um amigo e através de um episódio da icônica “Escolinha do Professor Raimundo” me coloquei a pensar, que mês é esse? Como o sentido do Natal vem sendo subvertido, assim como várias outras datas comemorativas.

E nesse dezembro, resolvi levar esse poema, “Eu não gosto de você, Papai Noel” para minhas salas de aula. Sim, salas no plural, porque são muitas. Pois, esse poema, que ao contrário da maioria dos poemas de natal, faz uma crítica a essa data. Um poema que nos questiona sobre a vinculação dessa data a uma troca material. Ou seja, nos convidando a refletir sobre o que o natal tem se tornando ao longo dos tempos. Minha interpretação do poema!

Mês que acabou se tornando sinônimo de lojas lotadas e a personificação do capitalismo selvagem. Onde o consumismo e as trocas materiais ganharam destaque nos fazendo até esquecer que mês é esse. Mês em que o sentido parece ser pura e simplesmente o da troca material. Satisfazendo assim, a sanha por lucro do capital. Fazendo as pessoas se endividarem para consumir e desta forma não se sentirem excluídas.

Afinal, nossa sociedade, através da mídia, da busca por lucro da burguesia e em nome da exploração da mão de obra da classe trabalhadora, coloca as trocas materiais como se as mesmas fossem a essência do natal. Isso gera um sentimento de desconforto e angustia nos pais e mães assalariados que não podem comprar o celular da moda, a bicicleta nova e a boneca que fala para os seus amados filhos e filhas.

Condicionando amor as trocas materiais. Como se o presente fosse à parte mais importante das relações familiares ou de amizade colocando a presença, o carinho, o cuidado e o amor como “coisas” menores, ou até sem importância. Estabelecendo a troca material como o balizador universal para significar ou medir a quantidade de amor que sentimos por alguém. Ou seja, quanto maior e mais caro mais amado é o indivíduo e o contrário também se aplica.

Meu objetivo não foi o de estabelecer um paradigma para o natal de ninguém ( avisando antes que me acusem de professora doutrinadora. Falaremos sobre isso em breve!), pois entendo que o natal pode ter vários sentidos e significados. E esses sentidos estarão ligados a fatores culturais, ideológicos, de classe, gênero, religião, dentre outros. Porém, sou segura em afirmar que o natal pode ser qualquer coisa, menos o momento onde a criança ou até mesmo o adulto te olha e inquira: “Cadê meu presente?”

Sendo assim, meu objetivo foi o de refletir o papel do capitalismo e do consumismo que tentam diariamente, ou melhor, mensalmente se apropriar das datas comemorativas/reflexivas com objetivo puro e simples de vender itens, tentando vinculá-las a uma troca comercial.

Exaure-se o seu real significado e esvazia-se de sentido e até mesmo anula-se a crítica que uma data comemorativa/reflexiva tenha em sua essência. Não é só o natal que sofre esse ataque, mas é essa a data que mais sofre os bombardeios do sistema capitalista.

Mas afinal, qual é o sentido do natal? Pergunta para a qual eu não tenho resposta para você! Já que cabe a cada pessoa decidir qual é o sentido do seu natal. Pois ao longo dos anos estou desconstruindo e construindo o sentido do meu natal. Mas uma coisa eu já tenho certeza, o natal não é a festa do consumismo e da troca material.

Renata Souza é Bacharel e licenciada em Ciências Sociais, Mestre em Sociologia Política e Professora de Sociologia e Filosofia do Ensino Médio e Técnico.

Noticiário das Caravelas

Coluna da Angela

Angela é uma jornalista prestigiada, com passagem por vários veículos de comunicação da região, entre eles a marca da imprensa buziana, o eterno e irreverente jornal “Peru Molhado”.

Coluna Clinton Davison

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