Por Clara Sasse
O Partido Republicano Progressista (PRP) rejeitou, nesta quarta-feira (18), a aliança com o Partido Social Liberal (PSL) para lançar o general Augusto Heleno como vice de Jair Bolsonaro na candidatura à Presidência da República. A assessoria do PRP afirmou que o general será candidato ao Senado pelo Distrito Federal.
Nesta semana, Heleno afirmou que seu nome era uma opção, mas que ainda não estava nada confirmado. Além disso, ele ressaltou também que estaria pronto para “cumprir a missão caso fosse designado”. O militar é general da reserva do Exército brasileiro e comandou as tropas brasileiras no Haiti.
A ideia de colocar militares no poder não é novidade para Bolsonaro. Além da participação na vice-presidência, o pré-candidato já havia declarado, no mês passado, que colocaria generais à frente dos Ministérios, como o da Defesa, dos Transportes e da Ciência e Tecnologia. Segundo ele, os generais ocupariam os cargos por competência e por ser mais difícil corromper um militar.
“A possibilidade de desvio de conduta é muito menor. E é o meio do qual eu venho. Quando fala da Dilma, ela botou terroristas, entre outros, é o meio dela. Queremos é ter gente lá (nos ministérios) que funcione e que não chegue lá pelo viés ideológico”, defendeu Bolsonaro.
Segundo o doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Barreto, um governo com grande participação militar pode gerar mal estar com outros partidos políticos por não haver “moeda de troca”.
“Quando você oferece aos partidos os ministérios, em troca esses partidos te dão suporte dentro do Congresso. Se ele (Bolsonaro) colocar militares em alguns ministérios, ele vai perder algum tipo de moeda de troca junto ao Congresso”, afirmou.
O tema já foi abordado pelo pré-candidato, que diz não se preocupar com coligações partidárias.
O cientista político ressaltou ainda que não acredita que generais no poder possam ameaçar a sociedade com uma intervenção militar, já que “o exército não está se prestando a isso e tem tomado cuidado para se conservar dentro da ordem constitucional”.
“A consequência é mais do ponto de vista da relação do Executivo com o Congresso do que, propriamente, do governo com a sociedade”, concluiu Barreto.
Antes do anúncio de um possível acordo com o PRP, o senador Magno Malta era o mais cotado a ser vice de Bolsonaro nas eleições 2018. Porém, o Partido da República (PR) dificultou a aliança entre as legendas e Malta declarou que tentará a reeleição no Senado.
O objetivo de Bolsonaro era tentar acordo com outros partidos para conseguir mais tempo nas propagandas eleitorais que terão início em 31 de agosto. Com toda a resistência apresentada, no entanto, a tendência é de que seja procurado um nome filiado ao mesmo partido do militar. O mais citado pela legenda é o da advogada Janaína Paschoal, que ficou conhecida por apresentar a petição que deu início ao processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
Os militares da reserva das Forças Armadas contam, até o momento, com 71 candidatos a deputado estadual e federal nas eleições 2018.