A Escola Estadual Municipalizada Polivalente Anísio Teixeira entrou na lista global das escolas que inspiram os alunos a se interessarem por carreiras nas áreas das Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Pesquisa desenvolvida em sala de aula pela professora de Robótica da rede municipal de Educação de Macaé, Érica Scheffel, com alunos dos 8° e 7° anos do Ensino Fundamental, está entre as 10 premiadas no Brasil e levou a professora a uma experiência de imersão na Nasa, Agência Espacial dos Estados Unidos, em julho deste ano.
Érica Scheffel foi premiada pelo Limitless Global Educator Program, do Limitless Space Institute, que tem convênio com a NASA e financiamento da IHS Towers of Strenght para levar professores especialistas em suas áreas para essa imersão. Foram selecionados projetos que impactam e fazem a Educação com integridade, coragem e imaginação. Na pesquisa, a professora verifica se é possível usar jogos para detectar alterações nos níveis de atenção, memória, raciocínio lógico e controle emocional dos astronautas sob os efeitos da microgravidade.
Orgulhosa, a professora Scheffel destaca a participação dos alunos no projeto, quase todos do 8° ano: Gabriel Rangel, João Rangel, Guilherme Rosalves, Laura Nunes, Laura Nogueira, Luiany Alvarenga, Pedro Henrique Melo e Pedro César Hortz, com idades entre 13 e 15 anos. Apenas um aluno é do 7° ano e também o mais novo: Ítalo de Senna, 12 anos. Eles programaram os protótipos dos jogos que foram exibidos aos avaliadores do programa. Alguns deles falaram sobre a sua participação e como a educação tecnológica pode impactar o seu futuro.
Os alunos Laura Nogueira, Pedro Henrique Melo e Thays de Paula – ambos com 13 anos – desenharam o patch da missão. “As bandeiras simbolizam a união dos países que participam do projeto; a estação espacial, para onde vão mandar os jogos para testes; o cérebro, o quiz das perguntas que também vão para o espaço; e a Terra somos nós”, explicou Laura Nogueira.
Mas qual o impacto do projeto na vida dos alunos? Eles mesmos falam. Laura Nunes, 13 anos, disse que, com o projeto, aprendeu a trabalhar em grupo, o que antes tinha dificuldade, e a pensar mais rápido em situações de muita pressão. “Isto ajudou bastante não só a gente, mas a turma toda”. Eles ainda não sabem a carreira que pretendem seguir, no futuro, porém, acham que deve ter a ver com a Robótica que despertou o interesse pelos jogos de forma criativa e diferente das aulas convencionais. Guilherme Rosalves contou que aprendeu a programar jogos a partir da pesquisa. “Também gostei de ajudar no projeto que é grande, internacional”, avaliou. “Aprendi que, em muitas situações não adianta a pressa, pois a questão é pensar para fazer a melhor escolha”, observou Laura Nogueira.
Durante aula este mês, os alunos receberam o certificado de participação no projeto. A diretora executiva do Limitless Space Institute, Kaci Heins, entrou ao vivo em videochamada e parabenizou a pesquisa, a professora e os alunos da Polivalente. O programa atua com pesquisas para o avanço da exploração espacial e também como fomento à educação STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português), disciplinas consideradas importantes para a exploração espacial.
A pesquisa tem apoio da neurocientista da UFRJ Isabela Lobo e das professoras de inglês Oksana Kitaeva e Liliane Fonseca. A Polivalente recebeu materiais dos Estados Unidos para a realização de projetos locais, como telescópio, sensores e microscópio digital para as atividades espaciais com os alunos em Macaé.
Missão profissional e de vida
A professora Érica explicou como entrou no programa. “Para fomentar essa educação STEM, o Limitless possui um programa internacional de capacitação de professores, o Limitless Global Educator Program, no qual eu me candidatei a uma vaga e fui selecionada. Somente 10 professores brasileiros foram premiados”. Segundo ela, também foram selecionados 10 professores nigerianos e a participação de todos foi financiada por uma empresa de estruturas de telecomunicações, a IHS.
“Na Nasa conheci o astronauta Reid Wiseman, comandante da Missão Artemis 2, que vai para a lua no ano que vem. Muito simpático e gentil, ele manifestou gratidão aos professores da vida dele para que conseguisse alcançar seus sonhos”, completou a professora.
Ela acrescentou: “Nós entramos na Nasa como convidados VIPs, por isso fomos até a área de treino dos astronautas, onde tem a piscina com 23 milhões de litros de água e 18 metros de profundidade. A piscina é importante para eles, pois o traje espacial para as caminhadas espaciais pesa cerca de 150 quilos, então, eles usam esse traje dentro dessa piscina para treinar a movimentação e a interação com os equipamentos”.
O projeto da professora Érica foi apresentado aos avaliadores na NASA em 11 de julho deste ano. No mesmo dia, em Macaé, era realizado o evento Inovar Space, organizado pelo Projeto de Robótica Inovar e Aprender, coordenado por Luemy Ávila. “Os alunos estavam participando desse evento aqui, no município, que contou com oficinas de satélite da ObSat e também com planetário inflável e eu estava apresentando o trabalho lá”, disse. Érica levou a bandeira de Macaé para a Nasa.
Ela contou que, em fevereiro, toda a escola foi informada e convidada a participar do evento. A partir daí, muitos alunos se interessaram e se matricularam nas aulas de Robótica. “As minhas seis turmas de Robótica da Polivalente estão realizando as atividades que aprendo com o Limitless Space Institute, onde usamos os materiais que recebemos dos Estados Unidos”, concluiu.
A formação de Érica tem tudo o que o ensino STEM busca. Ela é graduada em Artes e em Engenharia de Software, mestra em Informática e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informática da UFRJ. Atua no Projeto de Robótica Inovar e Aprender, desde 2016, e também ministra aula de Inovação, Tecnologia e Robótica no Colégio de Aplicação de Macaé (Cap).